A morte de mulheres pelo simples fato de serem mulheres continua preocupando as autoridades e a população piauiense. Até esta terça-feira, dia 11 de março, 10 mulheres tiveram suas vidas ceifadas pelos, maridos, namorados ou companheiros - a maioria foi morta dentro do ambiente domiciliar. O número já representa 25% do número total de feminicídios registrados pelos órgãos de segurança pública do Piauí em 2024 - foram 40 ao todo, no ano passado.
Na média mensal, os índices até estão dentro da média. Porém, se considerarmos que o mês de março ainda está no seu início, o surgimento de novos casos pode - infelizmente - elevar os índices do ano anterior.
- Em 2024, foram 40 feminicídios registrados - média de 3,3 feminicídios por mês;
- Em 2025, foram 10 feminicídios registrados - Média de 3,3 feminicídios por mês (porém, mês de março ainda não acabou).
Mas afinal, o que tem motivado este início de ano tão violento para as mulheres no Piauí? Em entrevista ao O Dia nesta terça a delegada Eugênia Villa, diretora de avaliação de risco social da Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI), fatores como as festividades carnavalescas mais cedo no calendário ajudam a explicar este aumento.
“Porque, no ano passado o carnaval foi em março e este ano já foi em fevereiro. Você tem que acompanhar (os índices) considerando esses eventos festivos em que há consumo de álcool, por exemplo. A gente tem que vincular o feminicídio a esses eventos também. Temos que estudar ano a ano, caso a caso (esse tipo de crime). Mas 10 é uma marca muito grande”, avalia Eugênia Villa.
Ao comentar os números de feminicídios, a delegada chama atenção para a importância de observá-los dentro de um contexto amplo de violência contra a mulher. “Temos que ver a quantidade de feminicídios dentro do número de assassinatos de mulheres e fazer a comparação. E aí a gente vê o percentual da incidência do feminicídio dentro da quantidade de assassinatos de mulheres”, pontuou.
Por trás dos números, mulheres com histórias interrompidas
Seja nos 10 casos de feminicídios registrados em 2025, ou nos 40 anotados no ano passado, ou mesmo aquelas mortes que nem sequer chegaram ao conhecimento das autoridades policiais, cada caso se trata de uma mulher que teve a sua trajetória, os seus sonhos e a sua vida interrompidas por seus agressores. Os números devem ser utilizados para balizar as políticas públicas de combate a violência contra a mulher, mas jamais devem ser usados para invisibilizar as vítimas.
Fonte: Portal O Dia