Reforma administrativa gera insatisfação e pouca economia

Reforma administrativa gera insatisfação e pouca economia

Ex-secretária Regina Sousa critica: "É uma reforma mais para criar novidade" / ...

<div align="left"> <p>H&aacute; exatamente uma semana, a t&atilde;o esperada reforma administrativa foi anunciada pelo governador Wilson Martins (PSB), causando uma s&eacute;rie de protestos em rela&ccedil;&atilde;o aos motivos que levaram o chefe do Executivo estadual a fazer modifica&ccedil;&otilde;es na estrutura administrativa de Estado. Ao todo, na mensagem encaminhada &agrave; Assembl&eacute;ia Legislativa, s&atilde;o 14 modifica&ccedil;&otilde;es. Doze delas extinguindo ou transformando &oacute;rg&atilde;os, em um reordenamento que inclui ainda a cria&ccedil;&atilde;o de duas novas coordenadorias com status de secretaria: a cria&ccedil;&atilde;o da coordenadoria da Juventude e a coordenadoria de Pol&iacute;ticas P&uacute;blicas para as Mulheres.</p> <p>Todos os &oacute;rg&atilde;os que sofrer&atilde;o modifica&ccedil;&otilde;es foram criados nos &uacute;ltimos sete anos. Ou seja, foram criados durante a gest&atilde;o do ex-governador Wellington Dias (PT). A alega&ccedil;&atilde;o do Governo do Estado sobre a realiza&ccedil;&atilde;o dos ajustes &eacute; &ldquo;a necessidade de redu&ccedil;&atilde;o da estrutura administrativa, com a conseq&uuml;ente redu&ccedil;&atilde;o dos gastos com custeio&rdquo;. De acordo com o Governo do Estado, os &oacute;rg&atilde;os afetados com o projeto de reforma somam mais de R$ 35 milh&otilde;es em dota&ccedil;&otilde;es para custeio por ano.</p> </div> <div align="left"> <p>Realista, o Executivo estadual reconhece que nem mesmo os ajustes anunciados ser&atilde;o capazes de&nbsp; reduzir significativamente os gastos j&aacute; que, segundo a proposta encaminhada &agrave; Alepi, a id&eacute;ia &eacute; que as pol&iacute;ticas p&uacute;blicas executadas pelos &oacute;rg&atilde;os que sofrer&atilde;o transforma&ccedil;&otilde;es sejam mantidas. Com isso, a perspectiva de economia fica apenas em torno de R$ 80 milh&otilde;es, ao longo dos quatro anos de governo de Wilson Martins. A reforma foi criticada pela oposi&ccedil;&atilde;o, por representantes de movimentos&nbsp; sociais e dos &oacute;rg&atilde;os afetados e, ainda, por integrantes do Partido dos Trabalhadores, aliado ao Governo do Estado. As cr&iacute;ticas giram em torno do impacto que a reforma ir&aacute; trazer. &ldquo;Se diz que a reforma &eacute; para reduzir despesas, mas os cargos de DAS e DAI ser&atilde;o apenas transferidos. &Eacute; uma reforma mais para criar novidade do que para impactar&rdquo;, disse a exsecret&aacute;ria de Administra&ccedil;&atilde;o, Regina Sousa (PT).&nbsp;&nbsp;</p> <p>A economia aos cofres p&uacute;blicos tamb&eacute;m &eacute; considerada t&iacute;mida pelo cientista pol&iacute;tico, Cl&eacute;ber de Deus. Segundo ele, as mudan&ccedil;as anunciadas n&atilde;o mudam absolutamente em nada a estrutura do Governo. &ldquo;&Eacute; mais para impactar, para criar um apelo midi&aacute;tico. A economia de R$ 80 milh&otilde;es em quatro anos &eacute; pequena. A reforma &eacute; t&iacute;mida e n&atilde;o trar&aacute; benef&iacute;cios ao Estado&rdquo;, avalia, acrescentando que se trata &ldquo;apenas um discurso bonito e sedutor no primeiro momento&rdquo;. &ldquo;&Eacute; preciso economizar recursos sim, mas com essa reforma, isso n&atilde;o ser&aacute; poss&iacute;vel&rdquo;, completa.&nbsp;</p> </div> <div align="left"> <p>Para ele, os acordos pol&iacute;ticos feitos por Wilson Martins com os diversos partidos que deram sustenta&ccedil;&atilde;o &agrave; sua candidatura, tanto no primeiro, quanto no segundo turno, impedem uma reforma mais robusta. &ldquo;Como ele faria para acomodar tantos aliados? O Wilson fez um leque muito grande de acordos durante a campanha e os partidos querem participar da estrutura do Governo&rdquo;, ressaltou. O cientista pol&iacute;tico Ricardo Arraes encara como naturais as mudan&ccedil;as propostas por Martins. &ldquo;&Eacute; de responsabilidade de todos os gestores fazerem suas modifica&ccedil;&otilde;es. E eles sempre fazem, seja na mudan&ccedil;a da estrutura administrativa, seja nas indica&ccedil;&otilde;es dos cargos&rdquo;, diz. No entanto, segundo ele, existem reformas e reformas. &ldquo;O projeto que o Wilson apresentou &eacute; apenas uma adequa&ccedil;&atilde;o com a m&aacute;quina administrativa para a capacidade de endividamento do Estado&rdquo;, completa.</p> <p>Para Arraes, mesmo com 14 modifica&ccedil;&otilde;es, a reforma &eacute; ainda muito pouco diante das necessidades do Estado e, muito mais do que se fazer enxugamento na m&aacute;quina, &eacute; preciso se mudar a mentalidade dos gestores. &ldquo;Essa reforma &eacute; o b&aacute;sico. O que deve haver &eacute; uma mudan&ccedil;a de mentalidade dos gestores com a coisa p&uacute;blica. As mudan&ccedil;as devem ser mais aprofundadas. &Eacute; preciso mais t&eacute;cnicos e menos pol&iacute;ticos. &Eacute; preciso n&atilde;o apenas gastar pouco, mas a m&aacute;quina deve funcionar bem na oferta dos servi&ccedil;os ao povo&rdquo;, opina, acrescentando que a palavra de ordem deve ser gest&atilde;o e n&atilde;o economia.&nbsp;</p> </div> <div align="left"> <p><strong>Em dois &oacute;rg&atilde;os extintos, a economia ser&aacute; de pouco mais de R$ 3 milh&otilde;es anuais</strong></p> <p>De acordo com o Demonstrativo da Despesa por Unidade Gestora, constante no Portal da Transpar&ecirc;ncia do Governo do Estado, somando-se os recursos destinados aos &oacute;rg&atilde;os que dever&atilde;o ser extintos, como a Coordenadoria de Rela&ccedil;&otilde;es Internacionais e Loteria do Estado do Piau&iacute; (Lotepi), o montante chega a R$ 3.196.110,14.&nbsp;</p> </div> <div align="left"> <p>Somente a Coordenadoria de Rela&ccedil;&otilde;es Internacionais custou aos cofres p&uacute;blicos o montante de R$ 1.678.366,44. As despesas foram relacionadas &agrave; administra&ccedil;&atilde;o, rela&ccedil;&otilde;es exteriores e encargos especiais. J&aacute; a Loteria do Estado do Piau&iacute; (Lotepi), custou, no mesmo ano, o montante de R$ 1.517.743,68. O valor &eacute; referente &agrave;s despesas com administra&ccedil;&atilde;o e encargos gerais.&nbsp;</p> <p>As despesas relacionadas &agrave; Ag&ecirc;ncia Reguladora dos Servi&ccedil;os P&uacute;blicos Delegados do Estado do Piau&iacute; (Agrespi), que tamb&eacute;m dever&aacute; ser extinta se o projeto encaminhado &agrave; Assembleia Legislativa for aprovado, n&atilde;o constam no demonstrativo de despesas do Portal da Transpar&ecirc;ncia.&nbsp;&nbsp;</p> </div> <div align="left"><strong>Incorpora&ccedil;&otilde;es do Iseaf e Coordenadoria de Direitos Humanos encontram maior resist&ecirc;ncia</strong></div> <div align="left"> <p><br /> No projeto de reforma administrativa encaminhado pelo governador Wilson Martins &agrave; Assembl&eacute;ia, as principais cr&iacute;ticas est&atilde;o relacionadas &agrave; transforma&ccedil;&atilde;o do Instituto de Educa&ccedil;&atilde;o Antonino Freire (Iseaf) em Faculdade de Educa&ccedil;&atilde;o da Universidade Estadual do Piau&iacute; (Uespi) e ainda da transforma&ccedil;&atilde;o da Coordenadoria dos Direitos Humanos e da Juventude, em unidade diretora da Secretaria da Assist&ecirc;ncia Social (Sasc).&nbsp;</p> <p>Representantes dos segmentos atendidos pelos dois &oacute;rg&atilde;os j&aacute; estiveram na Assembl&eacute;ia Legislativa&nbsp; com o objetivo de sensibilizar os parlamentares para que os mesmos vetem os pontos do projeto que altera os &oacute;rg&atilde;os. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional Piau&iacute;, tamb&eacute;m foi procurada por membros de grupos de gays, l&eacute;sbicas para ajudar a engrossar o coro dos descontentes. A id&eacute;ia &eacute; convocar uma audi&ecirc;ncia p&uacute;blica para discutir os pontos da reforma.&nbsp;</p> </div> <div align="left"> <p>Na avalia&ccedil;&atilde;o dos representantes dos movimentos, a extin&ccedil;&atilde;o da Coordenadoria de Direitos Humanos &eacute; um &ldquo;retrocesso&rdquo; diante da demanda de pol&iacute;ticas p&uacute;blicas voltadas para a defesa dos direitos das&nbsp; minorias. &ldquo;A solu&ccedil;&atilde;o n&atilde;o &eacute; extinguir coordenadorias. Reclamamos do estado cr&iacute;tico que se encontra o &oacute;rg&atilde;o, mas a solu&ccedil;&atilde;o n&atilde;o &eacute;extinguir, e sim otimizar&nbsp; esses &oacute;rg&atilde;os, dando efici&ecirc;ncia, dota&ccedil;&atilde;o or&ccedil;ament&aacute;ria e outras a&ccedil;&otilde;es que combatam a corrup&ccedil;&atilde;o e o loteamento de &oacute;rg&atilde;os p&uacute;blicos&rdquo;, destacou Marinalva Santana, articuladora da Liga Brasileira de L&eacute;sbicas.&nbsp;</p> <p>Para ela, a reforma &eacute; &ldquo;pura fal&aacute;cia&rdquo;. &ldquo;H&aacute; gorduras na administra&ccedil;&atilde;o estadual que devem sim ser cortadas, mas n&atilde;o na Coordenadoria de Direitos Humanos. O que deve-se evitar &eacute; o loteamento de cargos p&uacute;blicos com apadrinhamentos pol&iacute;ticos&rdquo;, diz, afirmando que a Coordenadoria j&aacute; fazia parte da Sasc e esse arranjo n&atilde;o teve bons resultados.&nbsp;</p> </div> <div align="left"> <p>J&aacute; os professores e estudantes do Iseaf reclamam, sobretudo, de n&atilde;o terem sido consultados a respeito&nbsp; da proposta de acabar com uma institui&ccedil;&atilde;o centen&aacute;ria. Al&eacute;m disso, as cr&iacute;ticas tamb&eacute;m est&atilde;o relacionadas aos projetos pedag&oacute;gicos das duas institui&ccedil;&otilde;es. &ldquo;S&atilde;o incompat&iacute;veis. No Iseaf, formamos professores para atuar nas primeiras s&eacute;ries e n&atilde;o no Ensino M&eacute;dio&rdquo;, reclamou Regina Marreiros,&nbsp; vice-presidente do Sindicato de Professores do Iseaf.&nbsp;</p> <p>Os gastos com a Coordenadoria de Direitos Humanos, em 2009, somaram R$ 3.404.250,00. Os&nbsp; recursos foram aplicados em administra&ccedil;&atilde;o, assist&ecirc;ncia social, direitos da cidadania e encargos especiais. J&aacute; com o Iseaf, o montante aplicado no ano passado contabilizou R$ 6.179.000,34, somando&nbsp; despesas com a &aacute;rea da educa&ccedil;&atilde;o e encargos especiais.&nbsp;&nbsp;</p> </div> <div align="left"> <p><strong>Despesas com DAS e DAI devem&nbsp; continuar</strong>&nbsp;</p> <p>O principal objetivo da reforma &eacute; a redu&ccedil;&atilde;o de despesas, mas n&atilde;o s&oacute; isso.&nbsp; Segundo a mensagem encaminhada &agrave; Assembleia, o &ldquo;reordenamento administrativo&rdquo; se prop&otilde;e tamb&eacute;m ao &ldquo;restabelecimento de atribui&ccedil;&otilde;es, eliminando a coincid&ecirc;ncia de fun&ccedil;&otilde;es entre diversos &oacute;rg&atilde;os, o que contribuir&aacute; para melhorar a capacidade da gest&atilde;o p&uacute;blica em busca de melhores resultados em prol da popula&ccedil;&atilde;o do nosso Estado&rdquo;.&nbsp;</p> </div> <div align="left"> <p>Nos oito &oacute;rg&atilde;os que dever&atilde;o ser absolvidos nas estruturas administrativas que executam fun&ccedil;&otilde;es semelhantes, os resultados econ&ocirc;micos n&atilde;o dever&atilde;o ser significativos. Isso porque apenas perder&atilde;o&nbsp; status de secretarias, mas continuar&atilde;o existindo s&oacute; que em formato de diretorias. O artigo 62, alinea C, da mensagem encaminhada pelo Executivo, determina que &ldquo;os cargos de Dire&ccedil;&atilde;o e Assessoramento Superior (DAS) e os cargos de Dire&ccedil;&atilde;o e Assessoramento Intermedi&aacute;rio (DAI) dos &oacute;rg&atilde;os e entidades extintos por essa lei ficam transferidos para a Secretaria de Administra&ccedil;&atilde;o&rdquo;. Ou seja, os benef&iacute;cios permanecer&atilde;o. No mesmo projeto, o governador determina que &ldquo;o quadro de servidores efetivos dos &oacute;rg&atilde;os ou entidades extintos ser&aacute; transferido para as secretarias, &oacute;rg&atilde;os ou entidades que tiverem absorvidos as correspondentes compet&ecirc;ncias&rdquo;.&nbsp;</p> <p>Com isso, os servidores, e seus respectivos&nbsp; benef&iacute;cios, lotados na Piemtur, por exemplo, passar&atilde;o a fazer parte da estrutura administrativa da Secret&aacute;ria de Turismo (Setur). A Piemtur custou, em 2009, aos cofres estaduais o montante de R$ 15.056.777,60, somando-se despesas com administra&ccedil;&atilde;o, com&eacute;rcio e servi&ccedil;os e encargos especiais. O mesmo acontecer&aacute; com os servidores lotados na Coordenadoria de Combate &agrave; Pobreza Rural (CCPR) que ser&atilde;o transferidos para o Instituto de Assist&ecirc;ncia T&eacute;cnica e Extens&atilde;o Rural (Emater). J&aacute; a Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), incorporar&aacute; os servidores e pagamentos que hoje fazem parte do quadro das Coordenadorias de Conviv&ecirc;ncia com o Semi&aacute;rido e Coordenadoria do Cr&eacute;dito Fundi&aacute;rio.&nbsp;</p> </div> <div align="left"> <p>Os servidores lotados na Coordenadoria de Controle de Licita&ccedil;&otilde;es ser&atilde;o incorporados &agrave; Secretaria de Administra&ccedil;&atilde;o, assim como a Coordenadoria de Direitos Humanos e Juventude e a Coordenadoria Estadual de Seguran&ccedil;a Alimentar e Erradica&ccedil;&atilde;o da Fome (Fome Zero) ser&atilde;o incorporados &agrave; estrutura administrativa da Secretaria de Assist&ecirc;ncia Social (Sasc). Juntas, as despesas das dez coordenadorias transformadas contabilizaram, em 2009, despesas da ordem de R$ 148.709.667,80.&nbsp;&nbsp;</p> <p>Na reforma, apenas seis cargos comissionados ficam extintos: os cargos de coordenador estadual de&nbsp; cada uma das seis pastas. S&atilde;o elas: Cr&eacute;dito Fundi&aacute;rio, Rela&ccedil;&otilde;es Internacionais, Controle de Licita&ccedil;&otilde;es, Conviv&ecirc;ncia com o Semi&aacute;rido, Combate a Pobreza Rural, Seguran&ccedil;a Alimentar e Erradica&ccedil;&atilde;o da Fome.&nbsp;</p> </div>
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