Piauí não acompanha avanços de políticas públicas federais para mulheres

Piauí não acompanha avanços de políticas públicas federais para mulheres

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<div> <p>O Piau&iacute; n&atilde;o acompanha os avan&ccedil;os de pol&iacute;ticas p&uacute;blicas para as mulheres, segundo militantes de movimentos sociais em prol da defesa dos direitos das mulheres no Estado. A inexist&ecirc;ncia de &oacute;rg&atilde;os p&uacute;blicos estaduais e municipais espec&iacute;ficos e o baixo poder de mobiliza&ccedil;&atilde;o social feminino s&atilde;o apontados como respons&aacute;veis por essa realidade.</p> <p>&quot;Em n&iacute;vel nacional se avan&ccedil;ou mais do que no Piau&iacute;. O Estado n&atilde;o acompanhou essa evolu&ccedil;&atilde;o, em grande parte porque o Governo Federal criou e deu condi&ccedil;&otilde;es de trabalho para a Secretaria Especial de Pol&iacute;ticas para as Mulheres (com status de minist&eacute;rio) e aqui n&atilde;o temos &oacute;rg&atilde;os desse tipo&quot;, comenta Francisca Zelma Lima, bacharel em Direito e presidente da Uni&atilde;o Brasileira de Mulheres Sec&ccedil;&atilde;o Piau&iacute; (UBM-PI).</p> </div> <div>A ativista aponta que a Secretaria disp&otilde;e de recursos para a formaliza&ccedil;&atilde;o de conv&ecirc;nios, mas que a maior parte dos munic&iacute;pios piauienses est&aacute; impedida de firmar esse tipo de parceria por n&atilde;o possuir &oacute;rg&atilde;os especificamente para tratar de pol&iacute;ticas p&uacute;blicas voltadas para as mulheres.</div> <div> <p>&quot;H&aacute; uma resist&ecirc;ncia de nossos gestores em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; cria&ccedil;&atilde;o desses &oacute;rg&atilde;os. A cria&ccedil;&atilde;o de um &oacute;rg&atilde;o estadual foi promessa de campanha do governador (Wilson Martins) e estamos cobrando sua efetiva&ccedil;&atilde;o&quot;, conta Zelma Lima, destacando que o chefe do executivo estadual disse que o in&iacute;cio do ano &eacute; um per&iacute;odo de acertos na Administra&ccedil;&atilde;o P&uacute;blica e que isso inviabilizaria a cria&ccedil;&atilde;o do &oacute;rg&atilde;o nesse momento. &quot;Mas vamos come&ccedil;ar a cobrar de forma mais efetiva. Atualmente esse trabalho &eacute; feito dentro da estrutura da Sasc (Secretaria Estadual de Assist&ecirc;ncia Social e Cidadania) e poderia ser maior&quot;, acrescenta.</p> <p>Sobre a expectativa referente ao trabalho das parlamentares piauienses para a cria&ccedil;&atilde;o e efetiva&ccedil;&atilde;o de pol&iacute;ticas p&uacute;blicas para as mulheres, a presidente da UBM-PI diz que &eacute; positiva. &quot;A gente aposta que no dia a dia elas possam incluir as lutas das mulheres em seus pleitos e possam ainda aceitar nossas provoca&ccedil;&otilde;es&quot;, comenta. Segundo Zelma Lima, o Piau&iacute; precisa de uma pol&iacute;tica transversal direcionada &agrave;s mulheres, reunindo diversos &oacute;rg&atilde;os da administra&ccedil;&atilde;o p&uacute;blica, o Poder Legislativo e a sociedade civil.</p> </div> <div>&quot;As mulheres podem n&atilde;o reconhecer ou n&atilde;o ter consci&ecirc;ncia disso, mas quando elas cobram melhorias para as escolas dos seus filhos, dos hospitais, elas est&atilde;o engajadas na luta pelos direitos das mulheres, j&aacute; que &eacute; a mulher quem toma conta da estrutura da fam&iacute;lia na maior parte dos casos&quot;, avalia Zelma Lima.</div> <div><br /> <strong>Parlamentares se prop&otilde;em a desenvolver a&ccedil;&otilde;es embrion&aacute;rias de pol&iacute;ticas para mulheres</strong><br /> <br /> A Assembl&eacute;ia Legislativa do Piau&iacute; (Alepi) possui atualmente sete deputadas em atua&ccedil;&atilde;o: Rejane Dias (PT), Margarete Coelho (PP), Bel&ecirc; (PSB), Flora Izabel (PT), Juliana Moraes Souza (PMDB), Ana Paula (PMDB) e Lizi&ecirc; Coelho (PTB). &Eacute; a maior bancada feminina da Alepi. Apesar da grande expectativa em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; sua atividade parlamentar relacionada &agrave;s mulheres, maior parte delas tem propostas elementares para o segmento.</div> <div> <p>Uma das mais experientes entre as parlamentares da Casa, Flora Izabel tem vasto trabalho voltado para as mulheres. &quot;Queremos trabalhar pela sa&uacute;de da mulher no climat&eacute;rio, acima de 40 anos. Elas precisam de aten&ccedil;&atilde;o especial em fun&ccedil;&atilde;o da quest&atilde;o hormonal. Com acompanhamento pode-se evitar osteoporose, depress&atilde;o, c&acirc;ncer&quot;, comenta a petista, ressaltando que h&aacute; muitas medidas para mulheres em idade reprodutiva, mas n&atilde;o para mulheres no climat&eacute;rio. &quot;Tamb&eacute;m estamos mantendo a discuss&atilde;o com o Governo do Estado sobre a constru&ccedil;&atilde;o do Hospital de Refer&ecirc;ncia da Mulher tendo um centro de climat&eacute;rio&quot;, ressalta.</p> </div> <div> <p>Outra prioridade de Flora Izabel em rela&ccedil;&atilde;o &agrave;s mulheres &eacute; a continuidade do trabalho pela cria&ccedil;&atilde;o da carteira das mulheres da Ag&ecirc;ncia Estadual de Fomento. &quot;&Eacute; para a mulher colocar seu pr&oacute;prio neg&oacute;cio ou obter capital de giro. Muitas sustentam suas fam&iacute;lias confeccionando roupa, salgadinho, chocolate, bijuteria, artesanato&quot;, argumenta.</p> <p>A deputada novata Bel&ecirc; tem como prioridade mais urgente nessa &aacute;rea a interioriza&ccedil;&atilde;o da Comiss&atilde;o de Defesa dos Direitos da Mulher da Alepi. &quot;No dia 18 de mar&ccedil;o estaremos na cidade de Picos e depois instalaremos a comiss&atilde;o em cidades p&oacute;lo como Parna&iacute;ba, S&atilde;o Jo&atilde;o do Piau&iacute;&quot;, disse a parlamentar, ressaltando que esses s&atilde;o espa&ccedil;os para discuss&atilde;o, proposi&ccedil;&atilde;o e cobran&ccedil;a de pol&iacute;ticas de defesa dos direitos das mulheres.</p> </div> <div>Reconhecida por seu trabalho junto ao segmento de pessoas com defici&ecirc;ncia, a deputada Rejane Dias tem como uma das prioridades de seu mandato lutar pela isonomia salarial entre homens e mulheres. &quot;Mesmo com mais tempo de estudo e com plena capacidade de desempenhar bem qualquer trabalho que nos seja conferido, o preconceito consegue estabelecer uma enorme diferen&ccedil;a entre nossos vencimentos&quot;, comenta a petista. Outra luta da deputada ser&aacute; a implanta&ccedil;&atilde;o de &oacute;rg&atilde;os espec&iacute;ficos, que &quot;transformam antigas bandeiras de luta em pol&iacute;ticas p&uacute;blicas consistentes&quot;.</div> <div> <p>&quot;Tamb&eacute;m queremos levar a todos os munic&iacute;pios informa&ccedil;&otilde;es sobre a lei Maria da Penha, de prote&ccedil;&atilde;o &agrave; mulher v&iacute;tima de viol&ecirc;ncia dom&eacute;stica, ainda h&aacute; muito desconhecimento sobre ela, sobretudo no interior do Estado, onde a viol&ecirc;ncia dom&eacute;stica contra a mulher pode at&eacute; ser mais grave justamente por falta de informa&ccedil;&otilde;es&quot;, conta Rejane Dias.</p> <p>&Uacute;nica deputada federal do Piau&iacute;, Iracema Portela (PP) declara que tem como foco de sua atua&ccedil;&atilde;o parlamentar em defesa do segmento o combate &agrave; viol&ecirc;ncia contra a mulher, o refor&ccedil;o &agrave; Lei Maria da Penha, al&eacute;m da cobran&ccedil;a da efetiva&ccedil;&atilde;o de a&ccedil;&otilde;es de combate &agrave; redu&ccedil;&atilde;o da mortalidade materna e promo&ccedil;&atilde;o da sa&uacute;de da mulher.</p> </div> <div> <p><br /> <strong>A cada dois minutos, cinco mulheres s&atilde;o agredidas</strong><br /> <br /> &quot;Segundo a Funda&ccedil;&atilde;o Perseu Abra&ccedil;o, a cada dois minutos cinco mulheres s&atilde;o agredidas. A Lei Maria da Penha, n&atilde;o s&oacute; &eacute; importante para punir os agressores, mas &eacute; um instrumento de reconhecimento hist&oacute;rico de que mais da metade da popula&ccedil;&atilde;o do Brasil, que &eacute; composta por mulheres, deve ter sua integridade f&iacute;sica, moral e psicol&oacute;gica protegida&quot;. A declara&ccedil;&atilde;o &eacute; da ministra Iriny Lopes, da Secretaria Especial de Pol&iacute;ticas para as Mulheres e reflete a relev&acirc;ncia de as mulheres lutarem por seus direitos.</p> <p>&quot;A viol&ecirc;ncia dom&eacute;stica &eacute; uma das formas mais cru&eacute;is das desigualdades entre homens e mulheres na sociedade. Um instrumento de lei que pune a viol&ecirc;ncia dom&eacute;stica, &eacute; o reconhecimento do Estado de que as mulheres brasileiras t&ecirc;m quem as proteja&quot;, declara a ministra, ressaltando que as desigualdades entre homens e mulheres s&atilde;o um fen&ocirc;meno mundial.</p> </div> <div> <p>De acordo com a ministra, a Secretaria Especial de Pol&iacute;ticas para as Mulheres (SEPM), criada em 2003, dar&aacute; neste ano prioridade ao combate &agrave; pobreza e a mis&eacute;ria. &quot;Do contingente da popula&ccedil;&atilde;o que vive nestas condi&ccedil;&otilde;es, as mulheres s&atilde;o a maioria e entre elas, as mulheres negras, considerando seus filhos&quot;, alega.</p> <p>A ministra destaca a&ccedil;&otilde;es da Secretaria que tem esse objetivo: medidas para a amplia&ccedil;&atilde;o do trabalho formal, criando mais espa&ccedil;os para a contrata&ccedil;&atilde;o de mulheres nas obras de infra-estrutura; forma&ccedil;&atilde;o profissional e qualifica&ccedil;&atilde;o; acesso a linhas de cr&eacute;ditos diferenciados e apoio &agrave;s cooperativas, associa&ccedil;&otilde;es e outras formas de coopera&ccedil;&atilde;o de trabalho entre mulheres; amplia&ccedil;&atilde;o e melhoria dos equipamentos sociais como creches, restaurantes, cozinhas populares e lavanderias comunit&aacute;rias.</p> </div> <div> <p>&quot;Elegermos uma presidenta &eacute; um marco hist&oacute;rico sem precedentes, que p&otilde;e luz sobre a for&ccedil;a da mulher e sua capacidade para acabar com pr&aacute;ticas discriminat&oacute;rias, a come&ccedil;ar com a pobreza, a viol&ecirc;ncia, aus&ecirc;ncia de participa&ccedil;&atilde;o pol&iacute;tica e autonomia econ&ocirc;mica&quot;, comenta a ministra sobre a elei&ccedil;&atilde;o da primeira mulher presidente do pa&iacute;s. &quot;Uma mulher na Presid&ecirc;ncia muda a forma de entender e de operar as pol&iacute;ticas, especialmente para as mulheres&quot;, acrescenta.</p> <p>Iriny Lopes ressalta ainda que al&eacute;m de uma presidenta, o Brasil tem hoje nove ministras e que a nomea&ccedil;&atilde;o de mulheres para os cargos do segundo escal&atilde;o cresceu 75%. &quot;Apesar dos avan&ccedil;os, as mulheres ainda t&ecirc;m pouca presen&ccedil;a na vida p&uacute;blica, se compararmos com os dados dos poderes legislativos, que t&ecirc;m em m&eacute;dia 10% de presen&ccedil;a feminina e o judici&aacute;rio, com 15%, veremos que estamos ainda muito longe de alcan&ccedil;ar a equidade e a igualdade de g&ecirc;nero nos altos escal&otilde;es&quot;, argumenta.</p> </div> <div> <p>Segundo a ministra, a presen&ccedil;a das mulheres na pol&iacute;tica n&atilde;o &eacute; quest&atilde;o de n&uacute;mero ou compara&ccedil;&atilde;o entre homens e mulheres, mas de equidade e igualdade de g&ecirc;nero, &quot;requisitos necess&aacute;rios para alcan&ccedil;armos a democracia plena e o desenvolvimento com justi&ccedil;a&quot;. <br /> <br /> <strong>Lei Maria da Penha: um marco</strong><br /> <br /> A Lei n&ordm; 11.340, de 7 de agosto de 2006 &eacute; um marco na luta por defesa dos direitos das mulheres no Brasil. Conhecida como Lei Maria da Penha, trata-se de um conjunto de mecanismos para coibir e prevenir a viol&ecirc;ncia dom&eacute;stica e familiar contra a mulher.</p> <p>&quot;Toda mulher, independentemente de classe, ra&ccedil;a, etnia, orienta&ccedil;&atilde;o sexual, renda, cultura, n&iacute;vel educacional, idade e religi&atilde;o, goza dos direitos fundamentais inerentes &agrave; pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem viol&ecirc;ncia, preservar sua sa&uacute;de f&iacute;sica e mental e seu aperfei&ccedil;oamento moral, intelectual e social&quot;, diz o 2&ordm; par&aacute;grafo da Lei Maria da Penha.</p> </div> <div> <p>A norma assegura ainda &agrave;s mulheres as condi&ccedil;&otilde;es para o exerc&iacute;cio efetivo dos direitos &agrave; vida, &agrave; seguran&ccedil;a, &agrave; sa&uacute;de, &agrave; alimenta&ccedil;&atilde;o, &agrave; educa&ccedil;&atilde;o, &agrave; cultura, &agrave; moradia, ao acesso &agrave; justi&ccedil;a, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, &agrave; cidadania, &agrave; liberdade, &agrave; dignidade, ao respeito e &agrave; conviv&ecirc;ncia familiar e comunit&aacute;ria.</p> <p>A Maria da Penha determina que o poder p&uacute;blico desenvolva &quot;pol&iacute;ticas que visem garantir os direitos humanos das mulheres no &acirc;mbito das rela&ccedil;&otilde;es dom&eacute;sticas e familiares no sentido de resguard&aacute;-las de toda forma de neglig&ecirc;ncia, discrimina&ccedil;&atilde;o, explora&ccedil;&atilde;o, viol&ecirc;ncia, crueldade e opress&atilde;o&quot;.</p> </div> <div> <p>&nbsp;&quot;Temos 511 e s&oacute; agora temos uma lei que traz benef&iacute;cios concretos para as mulheres. Isso porque &eacute; uma lei que nasceu da base, da necessidade da mulher, do resultado nefasto da viol&ecirc;ncia contra a mulher&quot;, opina a delegada da mulher de Teresina, Vilma Alves.&nbsp;&nbsp;</p> <p>&quot;Temos dificuldades de implementar a Lei Maria da Penha, especialmente porque faltam juizados especializados, como determina a lei. A viol&ecirc;ncia &eacute; a express&atilde;o maior da domina&ccedil;&atilde;o do homem sobre a mulher&quot;, pondera Zelma Lima, presidente da Uni&atilde;o Brasileira de Mulheres Sec&ccedil;&atilde;o Piau&iacute;.</p> </div>
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