Faleceu em 12 de outubro de 2016, Luís Bernardes de Lima, um dos mais importantes engenheiros civis e escritores da região de Picos, Piauí. Hoje, ao completar oito anos de sua partida, sua trajetória de vida continua sendo lembrada por seus grandes feitos e pela profunda marca que deixou no desenvolvimento de sua terra natal.
Nascido em São João da Canabrava, em 9 de novembro de 1948, Luís Bernardes formou-se em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Ceará em 1973. Durante sua carreira, atuou em projetos fundamentais para o progresso do Piauí, destacando-se como engenheiro concursado do 3º BEC – Batalhão de Engenharia de Construção e como profissional do DER/PI – Departamento de Estradas e Rodagens do Piauí, onde trabalhou por 23 anos. Além disso, ocupou interinamente a Secretaria de Obras do município de Picos, sempre demonstrando seu comprometimento com o avanço da infraestrutura regional.
Como ativista social, Luís Bernardes desempenhou um papel vital na fundação de diversas instituições importantes, como a APAE de Picos e a Associação dos Engenheiros de Picos (ASPENP). Ele foi também um dos fundadores do Samambaia Campestre Clube e do Picoense Clube, espaços que contribuíram para o lazer e a convivência da comunidade. No campo literário e cultural, sua maior conquista foi a criação da Academia de Letras da Região de Picos (ALERP), onde ocupava a cadeira de número 06, cujo patrono era Alberto de Moura Monteiro. Também integrou a União Picoense de Escritores (UPE), solidificando seu papel como figura central no movimento literário local.
Luís Bernardes destacou-se na literatura com obras que refletem sua conexão com o sertão nordestino e suas causas sociais. Seus livros “As Vozes dos Vinhedos Verdes Vêm dos Ventos” e “Nordeste - Grande Sertão” abordam com profundidade a realidade sertaneja, especialmente a luta contra a seca e a miséria. Além disso, como estudioso do espiritismo, Bernardes escreveu obras como “Espírita com Visão de Mundo”, explorando a espiritualidade e o sentido da vida sob uma ótica crítica e reflexiva. Sua participação na coletânea “Mil Poetas Brasileiros”, com a poesia “A Lua”, reforça sua posição no cenário literário nacional.
Sua atuação social também incluiu um protesto emblemático contra a corrupção: Luís realizou um jejum de 33 dias, sem se alimentar, em um gesto de desabafo e resistência. Esse ato foi posteriormente documentado na obra inédita “Diário de um Grevista de Fome”, que descreve sua luta e visão de mundo.
Após sua morte em 12 de outubro de 2016, a Academia de Letras da Região de Picos prestou uma emocionante homenagem ao escritor. Amigos, familiares e membros da academia relembraram sua trajetória, leram suas poesias e celebraram seu legado. O cortejo fúnebre, seguido por uma missa de corpo presente, refletiu a profunda admiração que a comunidade sentia por ele.
Luís Bernardes de Lima partiu após uma longa batalha contra problemas de saúde, deixando saudades que ainda permanecem vivas na memória de seus familiares, amigos e de toda a comunidade picoense.
Leal Costa, poeta e escritor, membro da UPE (União Picoense de Escritores)
Picos, 12 de outubro de 2024.
