Cartórios se preparam para união estável homossexual

Cartórios se preparam para união estável homossexual

/

<p>Com a decis&atilde;o do Supremo Tribunal Federal (STF) de reconhecer a uni&atilde;o est&aacute;vel entre pessoas do mesmo sexo, cart&oacute;rios estimam um aumento de 10% na procura de homossexuais para oficializar o relacionamento. Mesmo assim, alguns estados, entre eles, o Piau&iacute; j&aacute; registravam escrituras de conviv&ecirc;ncia homoafetiva, com base em normas dos tribunais de Justi&ccedil;a locais.<br /> <br /> De acordo com Vicente Vieira, escrevente de um cart&oacute;rio no centro de Teresina, nestes casos onde se permitia a escritura de uni&atilde;o homoafetiva, muda a denomina&ccedil;&atilde;o. Agora, o registro passa ser uma uni&atilde;o est&aacute;vel, assim como j&aacute; ocorria com casais homossexuais. A uni&atilde;o est&aacute;vel n&atilde;o era aplicada nestes casos porque o C&oacute;digo Civil n&atilde;o permitia. &quot;Ap&oacute;s a decis&atilde;o do Supremo, passa a ser permitido. Mas j&aacute; &eacute; comum fazermos o contrato da uni&atilde;o atrav&eacute;s de registro de documentos, explica.<br /> <br /> O escrevente acredita em um aumento de 10% no n&uacute;mero de homossexuais interessados em oficializar a rela&ccedil;&atilde;o. Segundo ele, o procedimento pode ser feito direto nos cart&oacute;rios, sem necessidade de advogados. Os tabeli&otilde;es est&atilde;o prontos para este registro. &Eacute; o que aponta a escrevente Maria Franca. &quot;Deve haver uma procura porque muitos gays tinham receio de fazer a escritura de uni&atilde;o homoafetiva, sob a justificativa de que n&atilde;o valia muito. Agora, &eacute; uma uni&atilde;o est&aacute;vel. E isso amplia direitos&quot;, descarta.<br /> <br /> O casamento deixou de ter um papel exclusivo na vida de um casal. A uni&atilde;o est&aacute;vel &eacute; a mais nova tend&ecirc;ncia social na regi&atilde;o para aqueles que querem oficializar e sacramentar a rela&ccedil;&atilde;o. &Eacute; o caso do casal, Safira Bengell e seu marido Gianluig. Juntos h&aacute; 19 anos o casal ter&aacute; finalmente o direito de compartilhar direitos. O casal j&aacute; tem a uni&atilde;o reconhecida na Dinamarca, onde se casaram. Agora, pretendem oficializar a rela&ccedil;&atilde;o no Brasil, ap&oacute;s a decis&atilde;o do STF. <br /> <br /> &quot;&Eacute; uma grande conquista para o movimento gay. Mas, al&eacute;m disso &eacute; um direito legal que os casais ter&atilde;o para ter acesso &agrave; direitos b&aacute;sicos como aposentarias, planos de sa&uacute;de compartilhado e divis&atilde;o de bens, em caso de morte. N&atilde;o somos ainda um casal civil, mas somos um casal de direito&quot;, relatou a atriz Safira. <br /> <br /> Existem dois tipos de uni&atilde;o est&aacute;vel que est&atilde;o sendo procuradas pelos casais: conviv&ecirc;ncia marital (R$ 252) e de depend&ecirc;ncia econ&ocirc;mica (R$ 48,74). Segundo informaram os cart&oacute;rios ouvidos pelo O DIA, em 2010 houve um aumento consider&aacute;vel pela procura pelo registro de uni&atilde;o est&aacute;vel aumentou. &quot;N&atilde;o sei porque especificamente, mas aumentou muito. Antigamente, essa n&atilde;o era uma modalidade de uni&atilde;o procurada pelos casais&quot;, disse o escrevente Vicente Vieira. <br /> <br /> O Brasil possui hoje 60.002 casais homossexuais com uni&atilde;o est&aacute;vel, seundo dados do Censo 2010 divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estat&iacute;stica). O n&uacute;mero de relacionamentos gays representa 0,16% da popula&ccedil;&atilde;o brasileira se for comparado aos 37.487.115 casamentos entre os heterossexuais. O Piau&iacute; possui 312 casais gays com uni&atilde;o est&aacute;vel.<br /> <br /> <strong>Casamento civil ainda &eacute; d&uacute;vida</strong><br /> <br /> Se o registro de uni&atilde;o est&aacute;vel entre pessoas do mesmo sexo pode ser feita diretamente no cart&oacute;rio, sem ingresso na Justi&ccedil;a, o casamento civil entre homossexuais ainda &eacute; uma d&uacute;vida. Conforme o presidente, pelo C&oacute;digo Civil, uma uni&atilde;o est&aacute;vel pode ser tornar um casamento civil. <br /> <br /> &quot;Pelo c&oacute;digo, toda uni&atilde;o est&aacute;vel pode ser convertida em casamento civil. No entanto, os cart&oacute;rios ainda n&atilde;o t&ecirc;m qualquer orienta&ccedil;&atilde;o sobre isso. Neste caso, acredito que h&aacute; necessidade de uma decis&atilde;o judicial. Isso ainda n&atilde;o est&aacute; claro&quot;, afirma o advogado especialista em Direito da Fam&iacute;lia, Marcos Lima. <br /> <br /> De acordo com ele, o casal homoafetivo que queira legalizar a uni&atilde;o est&aacute;vel n&atilde;o precisa de testemunhas na assinatura da declara&ccedil;&atilde;o ou tempo m&iacute;nimo de relacionamento. &quot;Basta a declara&ccedil;&atilde;o dos dois de que est&atilde;o juntos e querem constituir fam&iacute;lia&quot;, disse. O mais comum nos casos de uni&atilde;o est&aacute;vel &eacute; a comunh&atilde;o parcial dos bens, quando, em caso de separa&ccedil;&atilde;o, &eacute; dividido tudo aquilo que o casal conquistou durante a uni&atilde;o. &Eacute; permitido, entretanto, a escolha de qualquer outro regime.<br /> <br /> A declara&ccedil;&atilde;o da uni&atilde;o est&aacute;vel, conforme Marcos Lima, tem sido escolhida pelos casais como forma de agregar o companheiro em benef&iacute;cios concedidos pelo emprego, como planos de sa&uacute;de, planos odontol&oacute;gicos e INSS. Na opini&atilde;o dele, ainda existe a ideia de que a dissolu&ccedil;&atilde;o da uni&atilde;o est&aacute;vel &eacute; simples.<br /> <br /> Mas os especialistas alertam: assim como o casamento, a uni&atilde;o est&aacute;vel gera muitas responsabilidades e, caso o casal decida se separar e n&atilde;o haja acordo entre eles, o caso dever&aacute; ser resolvido na Justi&ccedil;a. &quot;Admite-se a uni&atilde;o est&aacute;vel de pessoa casada desde que ela esteja separada de fato h&aacute; dois anos&quot;, disse Marcos Lima.</p>
Compartilhe:

Faça seu comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos marcados são obrigatórios *