Bombeiros do Piauí têm só um carro de resgate, diz associação

Bombeiros do Piauí têm só um carro de resgate, diz associação

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<p>&nbsp;</p> <div align="justify"> <p>Os baixos sal&aacute;rios deixaram de ser motivo de insatisfa&ccedil;&atilde;o para os bombeiros do Piau&iacute; h&aacute; muito tempo. A principal reclama&ccedil;&atilde;o da categoria no estado &eacute; a falta de equipamentos de prote&ccedil;&atilde;o individual. N&atilde;o s&atilde;o raras as vezes em que os bombeiros precisam manipular cad&aacute;veres sem luvas ou combater inc&ecirc;ndios sem os trajes adequados, conforme den&uacute;ncia feita pela Associa&ccedil;&atilde;o dos Bombeiros Militares do Piau&iacute; (ABMEPI).<br /> <br /> Segundo a ABMEPI, existe somente uma unidade de resgate no estado que &eacute; usada em Teresina e na Regi&atilde;o Metropolitana. Para combate a inc&ecirc;ndio, h&aacute; apenas dois carros em opera&ccedil;&atilde;o. Se a equipe sai para socorrer uma pessoa, &eacute; necess&aacute;rio esperar o retorno do ve&iacute;culo para que outra v&iacute;tima seja atendida.</p> <p>&nbsp;</p> </div> <div align="center"><img width="517" height="386" title="Bombeiro veste traje surrado e luvas j&aacute; desgastadas em Teresina(Imagem:Reprodu&ccedil;&atilde;o)" alt="Bombeiro veste traje surrado e luvas j&aacute; desgastadas em Teresina(Imagem:Reprodu&ccedil;&atilde;o)" src="http://www.gp1.com.br/images/bombeiro-veste-traje-surrado-e-luvas-ja-desgastadas-em-teresina-71987.jpg" /><br /> Bombeiro veste traje surrado e luvas j&aacute; desgastadas em Teresina</div> <p>&nbsp;</p> <div align="justify">&ldquo;Os bombeiros t&ecirc;m que decidir quem vive e quem morre, a verdade &eacute; essa. N&atilde;o h&aacute; condi&ccedil;&otilde;es de executarmos duas opera&ccedil;&otilde;es ao mesmo tempo. Outro dia, eu fiz um parto e a crian&ccedil;a morreu nos meus bra&ccedil;os, porque chegamos tarde e n&atilde;o t&iacute;nhamos equipamento para atender. Passei semanas com aquilo na minha cabe&ccedil;a. N&atilde;o &eacute; f&aacute;cil ver uma pessoa morrer na sua frente s&oacute; por falta de estrutura&rdquo;, afirma o sargento Marcone Costa Alves, da equipe de resgate de Teresina.<br /> <br /> Bombeiro h&aacute; 17 anos, ele ganha um soldo de R$ 1.573, somado a um aux&iacute;lio refei&ccedil;&atilde;o de R$ 120, mais um adicional de habilita&ccedil;&atilde;o de forma&ccedil;&atilde;o de sargento de R$ 70 e uma gratifica&ccedil;&atilde;o por tempo de servi&ccedil;o de R$ 9 a cada dez anos &ndash; que ele explica que j&aacute; foi extinta para os novos bombeiros, mas ele ter&aacute; at&eacute; se aposentar.<br /> <br /> Alves conta que os homens trabalham &ldquo;na base da garra e da coragem&rdquo; porque amam a profiss&atilde;o. &ldquo;Faltam luvas, capacetes, material de prote&ccedil;&atilde;o contra inc&ecirc;ndio. Estamos carentes de tudo o que d&aacute; para imaginar. Semana passada, houve um acidente grave que terminou com tr&ecirc;s pessoas mortas. Passamos meia hora para conseguir tirar as pessoas de dentro do carro s&oacute; por causa da falta de equipamento&rdquo;, diz.<br /> <br /> A exist&ecirc;ncia de apenas um quartel tamb&eacute;m prejudica a log&iacute;stica em Teresina. Alves explica que, quando h&aacute; fogo em resid&ecirc;ncias de bairros afastados, eles sabem que n&atilde;o v&atilde;o conseguir chegar a tempo. &ldquo;&Agrave;s vezes, demoramos uma hora para chegar. S&atilde;o trag&eacute;dias anunciadas, est&atilde;o brincando com a vida da popula&ccedil;&atilde;o. Infelizmente, as pessoas pagam com a pr&oacute;pria vida.&rdquo;</div> <p>&nbsp;</p> <div align="center"><img width="508" height="379" title="Faltam colch&otilde;es e len&ccedil;&oacute;is no alojamento dos bombeiros em Teresina (Imagem:Reprodu&ccedil;&atilde;o)" alt="Faltam colch&otilde;es e len&ccedil;&oacute;is no alojamento dos bombeiros em Teresina (Imagem:Reprodu&ccedil;&atilde;o)" src="http://www.gp1.com.br/images/290x218/faltam-colchoes-e-lencois-no-alojamento-dos-bombeiros-em-teresina--71986.jpg" /><br /> Faltam colch&otilde;es e len&ccedil;&oacute;is no alojamento dos bombeiros em Teresina</div> <p>&nbsp;</p> <p align="justify">Alves conta que fica desanimado com as condi&ccedil;&otilde;es de trabalho. &ldquo;Eu n&atilde;o vejo ser bombeiro como uma profiss&atilde;o, vejo como religi&atilde;o. Mas, n&atilde;o vou mentir, essas condi&ccedil;&otilde;es trazem uma insatisfa&ccedil;&atilde;o muito grande. Muitos profissionais bons pensam em sair, porque n&atilde;o aguentam mais a falta de estrutura.&rdquo;<br /> <br /> O bombeiro militar A. (que preferiu n&atilde;o se identificar por temer retalia&ccedil;&otilde;es) afirmou que o problema de gest&atilde;o na institui&ccedil;&atilde;o &eacute; generalizado. Ele explica que falta efetivo, por isso os homens fazem escalas abusivas de trabalho.<br /> <br /> &ldquo;Trabalhamos mais de 70 horas por semana, porque o efetivo &eacute; reduzido. As escalas s&atilde;o apertadas, a folga &eacute; diminu&iacute;da. O pessoal ainda trabalha em condi&ccedil;&otilde;es inseguras, com carros sucateados, mas est&atilde;o em servi&ccedil;o porque se pararmos n&atilde;o h&aacute; socorro&rdquo;, afirma.<br /> <br /> O bombeiro confirma que n&atilde;o h&aacute; equipamentos de prote&ccedil;&atilde;o individual. &ldquo;N&oacute;s temos um efetivo di&aacute;rio de 20 homens em Teresina, mas s&oacute; temos oito roupas de aproxima&ccedil;&atilde;o, ent&atilde;o muitos v&atilde;o atender ocorr&ecirc;ncias sem os trajes. Cada militar deveria ter sua pr&oacute;pria roupa, mas aqui elas s&atilde;o passadas de efetivo para efetivo e ainda acabam se transformando em um vetor de contamina&ccedil;&atilde;o&rdquo;, diz.<br /> <br /> Ele afirma que tem consci&ecirc;ncia dos riscos, mas n&atilde;o pode se omitir de realizar as atividades at&eacute; por conta do regime militar ao qual s&atilde;o subordinados os bombeiros. Por&eacute;m, ele diz que a grande justificativa &eacute; a quest&atilde;o humanit&aacute;ria do trabalho, j&aacute; que os bombeiros s&atilde;o acionados geralmente quando pessoas precisam ser salvas.<br /> <br /> &ldquo;Nosso maior problema, al&eacute;m da remunera&ccedil;&atilde;o, &eacute; a falta de condi&ccedil;&otilde;es de trabalho. O bombeiro entra no servi&ccedil;o operacional di&aacute;rio, mas n&atilde;o tem a condi&ccedil;&atilde;o de prote&ccedil;&atilde;o devida. Pode voltar no final do dia em &oacute;bito&rdquo;, diz o bombeiro, que revelou comprar equipamentos com o pr&oacute;prio sal&aacute;rio para tentar se proteger, j&aacute; que eles n&atilde;o s&atilde;o fornecidos pela institui&ccedil;&atilde;o.<br /> <br /> <strong>Outro lado</strong><br /> O coronel Manoel Bezerra dos Santos, comandante geral do Corpo de Bombeiros Militar do Piau&iacute;, explicou que foram comprados 15 equipamentos completos de combate no in&iacute;cio deste ano, compostos por traje especial, capacete, bota e outros equipamentos de prote&ccedil;&atilde;o. A compra teria sido feita no in&iacute;cio deste ano por cerca de R$ 70 mil.<br /> <br /> &ldquo;Estamos dependendo de a empresa fazer a entrega. Ela ficou de repassar o material at&eacute; o dia 10 de junho, mas houve um problema por parte deles e tivemos o atraso. Mas os equipamentos j&aacute; foram adquiridos&rdquo;, disse.<br /> <br /> Santos admite que a compra de 15 equipamentos, somados a outros oito que est&atilde;o em uso, n&atilde;o s&atilde;o suficientes para o efetivo do estado. &ldquo;Um equipamento desses &eacute; muito caro, s&oacute; o conjunto gira em torno de R$ 3,5 mil. Vamos vendo de que forma vamos priorizar as guarni&ccedil;&otilde;es para tentar, realmente, atender o que prev&ecirc; a lei. Nossa proposta &eacute; no futuro ter um equipamento para cada bombeiro. Esse &eacute; o pensamento do Comando e tamb&eacute;m do governo do estado do Piau&iacute;&rdquo;, afirmou.<br /> <br /> Santos disse tamb&eacute;m que a Secretaria Nacional de Seguran&ccedil;a P&uacute;blica adquiriu tr&ecirc;s ve&iacute;culos para o Piau&iacute;. &ldquo;A entrega dos carros j&aacute; foi feita, eles est&atilde;o no quartel do Corpo de Bombeiros de Teresina. Vamos agora agendar com o governador para que seja feita a entrega oficial para que sejam colocados em uso.&rdquo;<br /> <br /> Sobre a falta de efetivo, Santos afirma que os homens recebem treinamento justamente para poder praticar &ldquo;v&aacute;rias atividades&rdquo;. Ele admite que, eventualmente, a escala de 24 horas de trabalho por 48 de folga n&atilde;o &eacute; cumprida &agrave; risca, mas os bombeiros s&atilde;o consultados antes da convoca&ccedil;&atilde;o para horas extras e recebem pelo servi&ccedil;o extra. Segundo Santos, n&atilde;o h&aacute; imposi&ccedil;&atilde;o do Comando.<br /> <br /> &ldquo;Fizemos cursos de capacita&ccedil;&atilde;o para manter o homem na operacionalidade, para que n&atilde;o fa&ccedil;a uma coisa s&oacute;. Ele faz a parte de salvamento, combate a inc&ecirc;ndio, resgate. Ele &eacute; bem ecl&eacute;tico&rdquo;, disse.<br /> <br /> Em rela&ccedil;&atilde;o aos sal&aacute;rios, o coronel afirma que houve um reajuste neste m&ecirc;s, o que elevou o sal&aacute;rio inicial de R$ 1.405,00 para R$ 1.570,00. &ldquo;N&atilde;o &eacute; que seja o sal&aacute;rio ideal, o governo tem inten&ccedil;&atilde;o de melhorar, mas ele precisa ver a quest&atilde;o do caixa do governo.&rdquo;<br /> <br /> Santos explicou que sua pr&oacute;xima meta &eacute; a aquisi&ccedil;&atilde;o de dois jet skis para utiliza&ccedil;&atilde;o no munic&iacute;pio de Parna&iacute;ba no per&iacute;odo das f&eacute;rias escolares, em julho.</p> <p><strong>Fonte:</strong> G1</p>
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