Padre Walmir defende uma Picos com esperança

Padre Walmir defende uma Picos com esperança

Padre Walmir fala ao Jornal de Picos / Foto: Divulgação

<div><strong>E</strong>m entrevista ao Jornal de Picos, o padre Jos&eacute; Walmir de Lima, p&aacute;roco da Par&oacute;quia de S&atilde;o Jos&eacute; Oper&aacute;rio, abriu o cora&ccedil;&atilde;o e falou de sua vida desde a inf&acirc;ncia no bairro Canto da V&aacute;rzea, a voca&ccedil;&atilde;o para o sacerd&oacute;cio, o trabalho de evangeliza&ccedil;&atilde;o, o surgimento do Movimento #MudaPicos e a sua pr&eacute;-candidatura a prefeito. Ele diz que sonha com uma Picos onde as pessoas tenham liberdade, esperan&ccedil;a e vivam sem medo.</div> <div><strong>&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; </strong></div> <div><strong>Jornal de Picos</strong> &ndash; Quem &eacute; o Padre Walmir?</div> <div>&nbsp;</div> <div><strong>Padre Walmir</strong> &ndash; Padre Walmir &eacute; um filho de Picos, nascido na cidade de Picos no Bairro Canto da V&aacute;rzea, no ano de 1971, o &uacute;ltimo de nove filhos. Eu nasci e me criei no Canto da V&aacute;rzea, fiz meus estudos naquela comunidade que me criei, cursei o Ensino Fundamental na Unidade Escolar Landri Sales, um col&eacute;gio p&uacute;blico. Servi ao Ex&eacute;rcito Brasileiro em 1990, um lugar que foi necess&aacute;rio para a minha forma&ccedil;&atilde;o humana e da personalidade. Um pouco do que eu sou veio dessa experi&ecirc;ncia, da educa&ccedil;&atilde;o e principalmente da educa&ccedil;&atilde;o que recebi dos meus pais, sempre fui um filho obediente dentro de minhas responsabilidades&rdquo;.</div> <div>&nbsp;</div> <div><strong>Jornal de Picos</strong> &ndash; Quando o senhor descobriu a voca&ccedil;&atilde;o para ser Padre?</div> <div>&nbsp;</div> <div><strong>Padre Walmir</strong> &ndash;Recebi uma mensagem de que o Padre Bezerra e o Bispo D. Augusto Rocha queriam conversar comigo, e eu me perguntava &ldquo;o que esse padre queria?&rdquo; Porque meu envolvimento na igreja n&atilde;o era nada muito pr&oacute;ximo, era do grupo e movimento de jovens, fui catequista da comunidade, monitor de crisma, mais n&atilde;o tinha muita intimidade com os padres nem com o Bispo. A princ&iacute;pio eu resisti, falei que trabalhava, tinha que me sustentar, mas o padre insistiu, e eu fiquei de dar uma resposta depois. O tempo passou e eu n&atilde;o dei a resposta, mesmo nas festas, e nos lugares que eu estava, pessoas me informavam que o padre esperava uma resposta, e os seminaristas me visitavam em minha resid&ecirc;ncia, quando a minha namorada na &eacute;poca soube dessa hist&oacute;ria e acabou n&atilde;o gostando da id&eacute;ia, claro que na hora eu neguei, at&eacute; que voltei a falar com o padre, falei novamente do meu trabalho, Dom Augusto tamb&eacute;m falou comigo sobre a possibilidade de me manter para que eu ingressasse no semin&aacute;rio e ap&oacute;s pensar bastante eu aceitei, na &eacute;poca eu trabalhava na Transportadora Expresso de Luxo de Jo&atilde;o Andrade Gomes de Lima.</div> <div>&nbsp;</div> <div><strong>Jornal de Picos</strong> &ndash; E a fam&iacute;lia e os amigos como receberam a decis&atilde;o?</div> <div>&nbsp;</div> <div><strong>Padre Walmir</strong> &ndash; Falei somente a minha m&atilde;e, meu pai e minha irm&atilde; Izabel, para os outros irm&atilde;os eu n&atilde;o disse, at&eacute; que ent&atilde;o resolvi entrar e passar por essa experi&ecirc;ncia no semin&aacute;rio, eu tive vergonha de dizer para as pessoas de dizer que eu ia para o semin&aacute;rio e o semin&aacute;rio era no meu bairro, n&atilde;o disse que ia para o semin&aacute;rio e n&atilde;o disse para a empresa que sairia para ir ao semin&aacute;rio, eu informei que iria sair para entrar em outro servi&ccedil;o, que eu tinha arrumado outro emprego e que precisava sair. Quando foi no dia, no domingo, que era abertura, arrumei minhas coisas e sa&iacute; em dire&ccedil;&atilde;o ao Centro, disse que eu ia viajar, com vergonha de descer e ir para o semin&aacute;rio, s&oacute; que eu fiz a curva, peguei a avenida e outra rua e fui para o semin&aacute;rio. Quando foi &agrave; noite na missa de abertura, para minha surpresa, estava todo mundo l&aacute;, todo mundo descobriu o que estava se passando e a&iacute; fui me acostumando e realmente vi que era isso que eu queria para minha vida.</div> <div>&nbsp;</div> <div><strong>Jornal de Picos</strong> &ndash; Ent&atilde;o n&atilde;o houve resist&ecirc;ncia por parte da fam&iacute;lia?</div> <div>&nbsp;</div> <div><strong>Padre Walmir</strong> &ndash; N&atilde;o, minha m&atilde;e disse: &ldquo;Veja o que &eacute; que voc&ecirc; vai fazer, decida e que seja uma coisa que voc&ecirc; realmente saiba o que voc&ecirc; est&aacute; fazendo, n&atilde;o tenho nada contra, mais que seja uma coisa que voc&ecirc; pense bem no que est&aacute; querendo&rdquo;. Meus irm&atilde;os chegaram a questionar mais depois aceitaram a id&eacute;ia.</div> <div>&nbsp;</div> <div><strong>Jornal de Picos</strong> &ndash; Teve algum momento que senhor pensou em sair do semin&aacute;rio?</div> <div>&nbsp;</div> <div><strong>Padre Walmir</strong> &ndash; Depois que fiz o semin&aacute;rio menor em Picos fui para Teresina fazer filosofia, no mesmo ano (1996), eu perdi meus pais, os dois seguidos, mesmo assim fui para Teresina e conclu&iacute; filosofia, ent&atilde;o pedi para sair do semin&aacute;rio, mais terminei n&atilde;o saindo e fiquei um ano em Picos com Padre Jos&eacute;, auxiliando. Depois retomei a teologia em Teresina, conclui e me ordenei padre em 2004. &nbsp;Passei meu est&aacute;gio de di&aacute;cono na cidade de Itain&oacute;polis.</div> <div>&nbsp;</div> <div><strong>Jornal de Picos</strong> &ndash; E em Itain&oacute;polis havia um trabalho social feito pelo senhor?</div> <div><strong>&nbsp;</strong></div> <div><strong>Padre Walmir</strong> - Os seis meses para mim foi muito bom, foi um per&iacute;odo de forma&ccedil;&atilde;o, foi na &eacute;poca das enchentes e me envolvi com as necessidades das pessoas, passava a madrugada distribuindo alimentos, roupas, colch&otilde;es, na realidade minha casa servia como um ponto de apoio para a distribui&ccedil;&atilde;o de donativos. Participei das equipes de controle, saia de madrugada, debaixo de chuva e lama, subindo morro com cestas, as pessoas dormindo, colocava debaixo das redes as cestas de roupas e mantimentos venda aquelas pessoas chorando porque estavam precisando de ajuda e naquela &eacute;poca a cidade estava toda inundada, eu estava l&aacute;, ajudando, trabalhando com a Defesa Civil.</div> <div>&nbsp;</div> <div><strong>Jornal de Picos</strong> &ndash; E quando o Senhor foi transferido para a Par&oacute;quia de S&atilde;o Jos&eacute; Oper&aacute;rio?</div> <div>&nbsp;</div> <div><strong>Padre Walmir</strong> &ndash; Ap&oacute;s esses seis meses responde por Itain&oacute;polis, Vera Mendes e Aroeiras do Itaim como di&aacute;cono, na &eacute;poca Dom Pl&iacute;nio chegou &agrave; Diocese de Picos e viu meu trabalho realizado como di&aacute;cono, sozinho, atendendo tr&ecirc;s cidades, com tamanhos problemas sociais, admirado ele disse que era bom para mim, por ser um di&aacute;cono, morando sozinho e servindo aquelas pessoas, Dom Pl&iacute;nio disse que s&oacute; enriquecia meu curr&iacute;culo de vida e experi&ecirc;ncia. Terminei meu diaconato e Dom Pl&iacute;nio me deixou no semin&aacute;rio trabalhando com a forma&ccedil;&atilde;o, passei quatro anos como Reitor (2004-2008), at&eacute; que fui transferido para a Par&oacute;quia de S&atilde;o Jos&eacute; Oper&aacute;rio, onde estou at&eacute; hoje.</div> <div>&nbsp;</div> <div><strong>Jornal de Picos</strong> &ndash; E como foi o trabalho do senhor na coordena&ccedil;&atilde;o da Caminhada da Paz?</div> <div>&nbsp;</div> <div><strong>Padre Walmir</strong> &ndash; Fiquei seis anos desde que me ordenei como coordenador da Caminhada da Solidariedade da Paz e tamb&eacute;m como coordenador diocesano de pastoral. Para mim a caminhada da paz, me deu um respaldo, me deu uma credibilidade junto &agrave; popula&ccedil;&atilde;o pelo trabalho que executamos. Eu tinha a liberdade de coordenar, dirigir a equipe, decidindo aonde os recursos eram empregados, claro sempre junto com a equipe e com toda a confian&ccedil;a do Bispo (Dom Pl&iacute;nio) e o mesmo sabia que as pessoas tamb&eacute;m confiavam na gente, foi nesse per&iacute;odo que a caminhada da paz ganhou credibilidade, pela maneira, pela seriedade, a gente visitava os nossos parceiros, mandava cartas de agradecimento para os parceiros, relat&oacute;rio com as presta&ccedil;&otilde;es de contas era enviado para todos os apoiadores com toda a transpar&ecirc;ncia mostrando o que havia sido arrecadado, gastos e aplicado. A gente sempre teve a preocupa&ccedil;&atilde;o de que os gestos concretos beneficiassem as pessoas mais necessitadas. Sou feliz por isso e dou gra&ccedil;as a Deus. Foi muito bom esse per&iacute;odo.</div> <div><strong>&nbsp;</strong></div> <div><strong>Jornal de Picos</strong> &ndash; Por que o Senhor deixou a coordena&ccedil;&atilde;o da Caminhada?</div> <div>&nbsp;</div> <div><strong>Padre Walmir</strong> &ndash; Depois de dar minha contribui&ccedil;&atilde;o achei por bem abrir espa&ccedil;o outras pessoas como uma forma de inovar e veio outro coordenador, mais mesmo n&atilde;o coordenando colaboro e participo da mesma forma da caminhada.</div> <div>&nbsp;</div> <div><strong>Jornal de Picos</strong> &ndash; E como tem sido o trabalho do senhor na Par&oacute;quia de S&atilde;o Jos&eacute; Oper&aacute;rio?</div> <div>&nbsp;</div> <div><strong>Padre Walmir</strong> &ndash; Estou aqui na Par&oacute;quia de S&atilde;o Jos&eacute; Oper&aacute;rio h&aacute; tr&ecirc;s anos e seis meses, sinto o carinho dos fieis da comunidade que tem voltado a freq&uuml;entar a igreja. Al&eacute;m de parte de Picos, atendo tamb&eacute;m S&atilde;o Jos&eacute; do Piau&iacute;, Sussuapara e Santana do Piau&iacute;. Tenho feito o que est&aacute; ao meu alcance, n&atilde;o me&ccedil;o esfor&ccedil;os, para atender as comunidades, para ouvir, tenho minhas limita&ccedil;&otilde;es como pessoa, mas consci&ecirc;ncia tranq&uuml;ila como sacerdote de estar fazendo aquilo que devo fazer, posso n&atilde;o estar agradando todo mundo, mas o que eu fa&ccedil;o &eacute; querendo o bem das pessoas e da igreja, em nenhum momento trabalho em benef&iacute;cio pr&oacute;prio e sempre procuro trabalhar para as pessoas da minha comunidade. Sei das minhas responsabilidades de meu compromisso, &eacute; isso que me d&aacute; seguran&ccedil;a.</div> <div>&nbsp;</div> <div><strong>Jornal de Picos</strong> &ndash; A milit&acirc;ncia social sempre esteve presente em sua vida?</div> <div>&nbsp;</div> <div><strong>Padre Walmir</strong> - Sempre tive antes de seminarista envolvimento com o trabalho social da comunidade, antes de ser padre, militei pelo PT, passava as noites colocando cartas de conscientiza&ccedil;&atilde;o por baixo das portas das resid&ecirc;ncias, participava de com&iacute;cios e militei efetivamente em campanhas do Partido dos Trabalhadores, fui ativo enquanto jovem, eu tinha na &eacute;poca 15 a 18 anos naquela &eacute;poca. E entrei no semin&aacute;rio com essa mesma conduta. Quando fui estudar em Teresina, participei de movimentos como o Grito dos Exclu&iacute;dos, participei de movimentos de assentamentos, algumas vezes ao lado de Frei Adolfo na Vila Irm&atilde; Dulce, participei de manifesta&ccedil;&otilde;es. Como seminarista eu sempre tive um envolvimento com o social, a sensibilidade com as quest&otilde;es sociais, com a pobreza e contra as injusti&ccedil;as.</div> <div>&nbsp;</div> <div><strong>Jornal de Picos</strong> - Como surgiu o Movimento #MudaPicos?</div> <div>&nbsp;</div> <div><strong>Padre Walmir</strong> &ndash; Quando eu celebrava, vendo que alguns bairros de nossa cidade, mais especificamente o Bairro Ipueiras, mexia com minha consci&ecirc;ncia e eu refletia, como posso celebrar o evangelho adocicado e ver aquelas situa&ccedil;&otilde;es, ruas esburacadas e cheias de lamas e bairros abandonados? Eu via que aquilo exigia de mim uma decis&atilde;o mais pr&aacute;tica, mais dura, eu pensei &ldquo;tenho que fazer alguma coisa&rdquo;. Eu via as pessoas sofrendo e alguns bairros como Ipueiras, Morada do Sol, Cidade de Deus, Parque de Exposi&ccedil;&atilde;o, enfim o munic&iacute;pio inteiro em total abandono. E fui procurando o poder p&uacute;blico e questionando os problemas e observando como os picoenses eram destratados, desconsiderados e ignorados e isso foi crescendo em mim a necessidade de fazer algo mais pelas pessoas. Foi ent&atilde;o quando nos mobilizamos, nos bairros, vimos que o evangelho exigia algo mais da gente, marcamos um primeiro encontro e a igreja lotou, pessoas insatisfeitas com a situa&ccedil;&atilde;o do munic&iacute;pio, de todos os bairros chegavam pessoas e decidimos fazer uma caminhada no dia primeiro de mar&ccedil;o. Foi uma manifesta&ccedil;&atilde;o pac&iacute;fica, percorrendo as ruas de nossa cidade em dire&ccedil;&atilde;o a prefeitura, foi a&iacute; que surgiu o #MudaPicos. Foi uma manifesta&ccedil;&atilde;o que me surpreendeu, por que quando espalhou-se a not&iacute;cia da caminhada da manifesta&ccedil;&atilde;o, todos os bairros enviaram sua faixa, seu representante, todas as entidades sociais se juntaram a n&oacute;s, foi um marco na nossa cidade, pela coragem, pela maneira tranq&uuml;ila que nos portamos. Levamos as reivindica&ccedil;&otilde;es, prometeram que iam nos atender, receberam os documentos, tentavam se justificar, mais nenhum pedido das comunidades foi atendido pelo poder p&uacute;blico municipal. O Movimento #MudaPicos continuou se reunindo, realizando semin&aacute;rio, palestras, enviamos 10 mil cartas e foi crescendo, tomou espa&ccedil;o, ganhou corpo, maior amplitude e muitas ades&otilde;es.</div> <div>&nbsp;</div> <div><strong>&nbsp;</strong></div> <div><strong>Jornal de Picos</strong> &ndash; E quando foi cogitada uma poss&iacute;vel candidatura do Padre Walmir ?</div> <div><strong>&nbsp;</strong></div> <div><strong>Padre Walmir</strong> &ndash; N&oacute;s est&aacute;vamos em uma reuni&atilde;o e uma pessoa lan&ccedil;ou meu nome, perguntando se eu n&atilde;o gostaria de ser candidato a prefeito de Picos, eu reagi naquele momento de maneira adversa, pois est&aacute;vamos com outra finalidade, logo mudei a conversa, cortei o assunto, e realmente nunca havia passado pela minha cabe&ccedil;a, nem havia inten&ccedil;&atilde;o nenhuma de uma candidatura. Depois aquilo que aquela pessoa falou, mexeu com a consci&ecirc;ncia de outras pessoas e em outros momentos sentia que mais pessoas vinham falar comigo sobre a candidatura, participando da constru&ccedil;&atilde;o da id&eacute;ia, quando caiu na internet, nas redes sociais, foi para as ruas de modo que fui procurado e questionado &ldquo;por que n&atilde;o?&rdquo;, fui analisar a possibilidade, rezei muito, refleti os pr&oacute;s e contras e tomei o primeiro passo que foi a filia&ccedil;&atilde;o no Partido dos Trabalhadores. Coloquei ent&atilde;o meu nome a disposi&ccedil;&atilde;o da popula&ccedil;&atilde;o picoense e se fosse realmente da confian&ccedil;a e da aceita&ccedil;&atilde;o das pessoas, me colocava como pr&eacute;-candidato a prefeito de Picos.</div> <div>&nbsp;</div> <div><strong>Jornal de Picos</strong> &ndash; Foi dif&iacute;cil fazer esta decis&atilde;o?</div> <div>&nbsp;</div> <div><strong>Padre Walmir</strong> &ndash; Foi uma decis&atilde;o dif&iacute;cil, por que, havia a opini&atilde;o da igreja, o meu sacerd&oacute;cio, mais entendo que essa &eacute; uma maneira de viver a plenitude do meu sacerd&oacute;cio, e poder fazer mais pelas pessoas, e tirar a id&eacute;ia das pessoas, inclusive de minha pr&oacute;pria cabe&ccedil;a de que pol&iacute;tica &eacute; um lugar sujo, mais que tamb&eacute;m pode ser um lugar para ser evangelizado, para ser mudado.</div> <div>&nbsp;</div> <div><strong>Jornal de Picos</strong> &ndash; O que o senhor tem a dizer para aquelas pessoas que dizem que pol&iacute;tica n&atilde;o &eacute; lugar para padre?</div> <div>&nbsp;</div> <div><strong>Padre Walmir</strong> &ndash; Eu penso que o lugar onde houver um cidad&atilde;o, onde houver pessoas, &eacute; lugar da igreja, &eacute; o lugar do padre. O padre deve est&aacute;, sobretudo nos lugares em que precisam de pessoas que possam fazer o diferente. S&atilde;o nesses lugares que necessitam de pessoas que mostram um novo caminho.</div> <div>&nbsp;</div> <div><strong>Jornal de Picos</strong> &ndash; Como o senhor ver a cidade de Picos hoje?</div> <div>&nbsp;</div> <div><strong>Padre Walmir</strong> &ndash; A Picos que vejo hoje &eacute; uma cidade de grandes potenciais, uma cidade rica, que pode e tem uma capacidade muito grande de se expandir e de crescer, desenvolver, composta de pessoas de bem inteligentes e capazes. Mais vejo muitas pessoas amarradas, contidas na sua capacidade de crescer, pois n&atilde;o lhe oferecem oportunidade, n&atilde;o reconhecem os potenciais e valores, vejo uma Picos hoje explorada, abandonada, uma cidade que &eacute; aquela usada em benef&iacute;cios individuais, sucateada e sem investimentos. A pessoa tem medo de reivindicar, de falar, de expor seus sentimentos. Elas n&atilde;o se sentem livres para escolher. N&atilde;o tem investimentos voltados para a juventude, n&atilde;o oferece oportunidades para os jovens. As ruas n&atilde;o t&ecirc;m estrutura, falta cal&ccedil;amento, saneamento b&aacute;sico, e muitas vezes as pessoas acham que isso &eacute; normal. O nosso Rio Guaribas est&aacute; polu&iacute;do, hoje &eacute; um ponto de lan&ccedil;ar dejetos, n&atilde;o existe tratamento de esgoto na nossa cidade e isso afeta o meio ambiente. Onde andamos encontramos filas para marcar consultas ou procurando um m&eacute;dico para se consultar, os postos de sa&uacute;de muitos est&atilde;o fechados. Profissionais da educa&ccedil;&atilde;o e da sa&uacute;de mal remunerados. Vivemos uma greve na educa&ccedil;&atilde;o h&aacute; pouco tempo e agora na sa&uacute;de. Falta plano de cargos, carreiras e sal&aacute;rios dos servidores. A criminalidade s&oacute; aumenta e o transito ca&oacute;tico que mata todos os dias. N&atilde;o se abriu nenhuma nova rua para escoar o tr&acirc;nsito da cidade. Enquanto outras cidades crescem nossa cidade permanece a mesma. &nbsp;Hoje as pessoas n&atilde;o tem liberdade de emitir um pensamento. Picos que tem quase 80 mil habitantes tem um comportamento e uma pol&iacute;tica de uma cidade pequena, de coronelismo.</div> <div>&nbsp;</div> <div><strong>Jornal de Picos</strong> &ndash; Qual seria a Picos ideal?</div> <div>&nbsp;</div> <p><strong>Padre Walmir</strong> - Eu sonho com uma cidade onde as pessoas tenham liberdade, com esperan&ccedil;a e sem medo. Eu sonho com uma Picos que haja comunh&atilde;o e participa&ccedil;&atilde;o das pessoas, uma cidade de oportunidades, onde os moradores tenham orgulho da cidade e possam crescer com ela. Uma Picos onde as riquezas sejam distribu&iacute;das gerando emprego e renda. Onde nossos potenciais como o caju, mel, o com&eacute;rcio, a agricultura, o turismo e a ind&uacute;stria sejam aproveitados nos moldes da economia solid&aacute;ria. Eu sonho com uma cidade onde exista uma gest&atilde;o participativa. Onde os investimentos sejam decididos pelo povo. Onde exista inclus&atilde;o social. Onde n&atilde;o exista mis&eacute;ria e nenhuma crian&ccedil;a pedindo nos estacionamento e cobrindo vidros de carros por uma moeda. Tudo isso &eacute; um sonho, que s&oacute; depende de n&oacute;s picoenses torn&aacute;-lo realidade.</p>
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