Em defesa do serviço civil

Em defesa do serviço civil

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<p> <meta content="text/html; charset=utf-8" http-equiv="CONTENT-TYPE" /> <meta content="BrOffice.org 2.0 (Linux)" name="GENERATOR" /> <meta content="20100224;23502800" name="CREATED" /> <meta content="16010101;0" name="CHANGED" /> <style type="text/css"> <!-- @page { margin: 2cm } P { margin-bottom: 0.21cm } --> </style></p> <p><font color="#000000"><font><font size="2">Se existe algo que deveria morrer de velho no Brasil &eacute; o servi&ccedil;o militar obrigat&oacute;rio. Para que fingir que continua a ser necess&aacute;rio for&ccedil;ar rapazes acima de 18 anos a se alistar no Ex&eacute;rcito? Em vez do servi&ccedil;o militar, rapazes &ndash; e mo&ccedil;as &ndash; deveriam dedicar um ano de sua vida para servir &agrave; comunidade. Os filhos da classe m&eacute;dia e da elite aprenderiam mais sobre o Brasil real se entrassem no mundo das crian&ccedil;as que nascem com pouco ou quase nada. Se fossem convocados a ensinar portugu&ecirc;s, matem&aacute;tica, ingl&ecirc;s, m&uacute;sica ou inform&aacute;tica.</font></font></font></p> <p><font color="#000000"><font><font size="2">Pela lei atual, at&eacute; o brasileiro que mora fora do pa&iacute;s &eacute; obrigado a se alistar. Claro que h&aacute; mil jeitinhos para evitar os 12 meses no quartel. S&oacute; se alista hoje quem deseja seguir carreira nas For&ccedil;as Armadas ou quem precisa ganhar um sal&aacute;rio m&iacute;nimo mensal como recruta. Os universit&aacute;rios costumam conseguir dispensa. Muitos se formam sem ter a menor ideia de como se equilibra na linha da pobreza a massa de brasileiros. </font></font></font></p> <p><font color="#000000">&ldquo;<font><font size="2">&Eacute; impressionante como a sociedade brasileira n&atilde;o oferece oportunidades de conviv&ecirc;ncia entre cidad&atilde;os de diferentes camadas socioecon&ocirc;micas&rdquo;, diz o economista Andr&eacute; Urani. A praia &eacute; uma ilus&atilde;o. As pessoas se esbarram apenas. No transporte, h&aacute; um apartheid social entre os obrigados a usar transporte p&uacute;blico e os que dirigem seu pr&oacute;prio carro.</font></font></font></p> <p><font color="#000000"><font><font size="2">Poucos jovens carentes chegam &agrave;s concorridas universidades p&uacute;blicas e gratuitas &ndash; e as particulares s&atilde;o proibitivamente caras. Urani foi professor na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) durante 16 anos. A cada ano ele perguntava de onde vinham seus alunos: &ldquo;S&oacute; tive dois que haviam estudado em col&eacute;gio p&uacute;blico municipal, embora a rede municipal do Rio tenha mais de 800 mil alunos&rdquo;.</font></font></font></p> <p><font color="#000000"><font><font size="2">Em vez do servi&ccedil;o militar, por que n&atilde;o levar os jovens a prestar ajuda &agrave;s comunidades que precisam?</font></font></font><font color="#000000"> <br /> </font></p> <p><font color="#000000"><font><font size="2">Nas grandes cidades, a cultura dos condom&iacute;nios cria uma juventude que se apega a privil&eacute;gios e costuma sentir medo ou desprezo por pobres. Jovens de classe m&eacute;dia alta s&oacute; trabalham como gar&ccedil;ons, gar&ccedil;onetes, bab&aacute;s e au pairs (empregadas) quando v&atilde;o para o exterior fazer interc&acirc;mbio. Pais mandam os pimpolhos para os Estados Unidos, Europa, Austr&aacute;lia. V&atilde;o estudar idiomas e, muitas vezes, lavar pratos. Faz parte do aprendizado de vida e do amadurecimento. No Brasil, jamais fariam isso &ndash; n&atilde;o s&oacute; por vergonha de servir a seus iguais. A mesada tropical &eacute; polpuda e o que se ganha aqui nesse tipo de servi&ccedil;o &eacute; muito menos do que l&aacute; fora. No Brasil, eles t&ecirc;m dom&eacute;sticas que recolhem suas roupas espalhadas no ch&atilde;o.</font></font></font></p> <p><font color="#000000"><font><font size="2">O servi&ccedil;o civil obrigat&oacute;rio seria uma oportunidade de integra&ccedil;&atilde;o, educa&ccedil;&atilde;o, disciplina. N&atilde;o existe no Brasil nenhuma estrat&eacute;gia que promova um entendimento real entre as classes. N&atilde;o se treinam o ouvido nem a compaix&atilde;o, o desprendimento ou a generosidade. Jovens deveriam consagrar um tempo para o bem p&uacute;blico. Por lei. Para criar bases e valores, perceber outros olhares. Um estudante de Direito poderia, no primeiro ano da faculdade, dedicar seis horas di&aacute;rias de trabalho a um balc&atilde;o de atendimento de pequenas causas em favela. Um estudante de contabilidade montaria pequenos neg&oacute;cios para fam&iacute;lias carentes e empreendedoras. Um estudante de letras incentivaria adolescentes a ler. Outro ensinaria a mexer em computador, a tocar piano ou a falar ingl&ecirc;s. S&atilde;o tantos dons aprendidos, financiados pelos pais. Por que n&atilde;o retribuir &agrave; sociedade durante um ano?</font></font></font></p> <p><font color="#000000"><font><font size="2">O presidente Lula chegou a propor, em setembro de 2008, o servi&ccedil;o social obrigat&oacute;rio para homens dispensados do servi&ccedil;o militar e para todas as mulheres brasileiras. Eles prestariam &agrave; sociedade servi&ccedil;os relacionados a sua forma&ccedil;&atilde;o t&eacute;cnica, profissional ou acad&ecirc;mica. Foi engavetado.</font></font></font></p> <p><font color="#000000"><font><font size="2">Minha sensa&ccedil;&atilde;o &eacute; que se desperdi&ccedil;a o potencial de um ex&eacute;rcito de jovens inteligentes e criativos. Poderiam ajudar a construir uma sociedade mais justa e menos desigual. H&aacute; os que sonham em sair do Brasil sem sequer chegar a entender o pa&iacute;s em que nasceram. Nem aprendem a dar bom-dia ou a agradecer por um servi&ccedil;o prestado. </font></font></font></p> <p>&nbsp;</p> <p><font color="#000000"><font><font size="2">Dever&iacute;amos acabar com a obrigatoriedade do servi&ccedil;o militar, que j&aacute; tem um s&eacute;culo de vida. &Eacute; um anacronismo num pa&iacute;s sem guerra. O que o Brasil necessita &eacute; educar direito seus filhos.</font></font></font></p> <p>&nbsp;</p>
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