SOBRADINHO, A NOSSA PETRÓPOLIS BRASILIENSE
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<p><span>Neste ano de 2010, quando comemoramos o cinquentenário da inauguração de Brasília, a cidade de Sobradinho-DF, também completa cinqüenta anos de fundação. Oficialmente foi criada em 13 de maio de 1960, sendo a Região Administrativa (RA-V) das oito inicialmente criadas. Agora são trinta.</span></p>
<p><span>Desmembrada da Fazenda Sobradinho, pertencente às terras da família Gomes Rabelo, recebeu este nome, segundo a tradição local, em decorrência da descoberta pelos primeiros moradores de um velho cruzeiro de madeira localizado às margens do Ribeirão de mesmo nome, tendo num dos seus braços, como se fosse um sobradinho, a formação de duas casas sobrepostas, construídas pelo pássaro joão-de-barro. </span></p>
<p><span>Nascida com a finalidade de abrigar os candangos procedentes da antiga Vila Amauri, povoamento que àquela altura estava sendo coberto pelas águas do Lago Paranoá, moradores do acampamento do DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas), além de outros imigrantes basicamente nordestinos que tentavam uma nova vida na cidade, boa parte empregados em construtoras ou firmas empreiteiras que vieram construir a nova capital. </span></p>
<p><span>Sobradinho dista 22 quilômetros da rodoviária do Plano Piloto de Brasília, ficando nas proximidades da BR-020 – Brasília-Fortaleza, a principal rodovia de acesso e saída para a região nordeste. </span></p>
<p><span>No início da construção de Brasília, a população de Sobradinho sofria com o frio e a chuva que castigavam os seus poucos moradores, uma vez que esta cidade oferece um clima ameno, frio e agradável, por isso comparada ao clima da cidade serrana de Petrópolis no Rio de Janeiro. Na estação do inverno, período com torrenciais pancadas de chuvas, formavam-se riachos alagando as ruas de lama e seus mananciais abasteciam córregos que se tornavam pequenos rios. Neste tempo o Ribeirão Sobradinho era apropriado para o banho e lazer e em suas margens foram construídos os clubes da cidade.</span></p>
<p><span>Apesar da carência de lazer e entretenimento da era moderna, este período era uma festa para a criançada que brincava recolhendo pedras de granizos, o que era comum nas primeiras chuvas. No verão existia um barro vermelho e abundante que sujava as roupas. As crianças jogavam futebol nas famosas faixas verdes, espaço próprio para ajardinamento entre as ruas, ocasião em que a poeira causava grandes problemas entre os moradores. Constantemente a garotada se deslocava para outras ruas ou mesmo quadras, atendendo aos reclames da vizinhança, em busca de novos campos de futebol a serem improvisados. Vivia-se uma época de ouro, onde a juventude se divertia plenamente participando de dezenas de saudáveis brincadeiras, existindo um respeito mútuo entre os participantes. Todos se conheciam, se respeitavam e o ciclo de amizade era grande e duradoura. Esta geração estudou, cresceu profissionalmente e, posteriormente, veio a ajudar a construir Brasília sendo que uma parte ainda reside na cidade, agora cinquentões ou sessentões, já aposentados e pais de família. </span></p>
<p><span>Deixou saudades a época em que se confiava nos mandatários de nossa cidade. Apesar de não serem eleitos pela população os denominados subprefeitos eram pessoas escolhidas pelos seus méritos, capacidade e honradez. Somente para homenagear aqueles pioneiros, citaria os nomes dos administradores Henrique Teixeira Tamm (1959-1960), Armando José Buckmann (1962-1963), Joel de Oliveira Paes (1963-1967), Pedro Rodrigues de Sousa (1970-1974), Fernando Corassa (1974-1979) e padre Jonas Vetoracci (1979-1985). Após a autonomia política do Distrito Federal, estabelecida pela Constituição Federal de 1988, os atuais administradores são escolhidos por deputados distritais e nomeados pelo governador do DF, geralmente por troca de favores pelos votos recebidos no período das eleições. </span></p>
<p><span>Os antigos ou ex-habitantes de Sobradinho demonstram algumas características típicas, dentre elas, a manifestação de solidariedade, amizade e consideração. Costumo dizer que quando sobradinhenses se encontram com certeza haverá uma identificação enorme, acompanhada de longas conversas, num clima de saudosismo e recordação, destinados à lembrança de fatos, pessoas e locais passados. </span></p>
<p><span>Lembro-me que os primeiros sobradinhenses, chamados de pioneiros ou candangos acordavam muito cedo, tomavam um simples café e, em seguida, dirigiam-se ao Plano Piloto. O transporte de ida e volta no final da tarde era feito geralmente em caminhões, tipo gaiola, com bancos de madeira e uma única porta na parte traseira, composta de uma escadinha para acesso e descida dos viajantes. A viagem, principalmente a ida, era uma festa para os candangos ou peões. Uma algazarra dentro daquela condução subumana, lotada de trabalhadores, quase todos almejando o mesmo ideal, ou seja, ganhar o seu salário e enviar boa parte para os seus familiares que ficaram nas suas cidades de origem. Poucos trabalhadores andavam de ônibus, mesmo porque só havia alguns coletivos da antiga Viação Alvorada.</span></p>
<p><span> Em Sobradinho o divertimento e lazer se resumiam basicamente em assistir as sessões de cinema do cine Alvorada, localizado na quadra 08, onde também existia um pequeno comércio e uma feira que se realizava aos domingos, onde os produtos eram expostos em pequenas barracas de lonas e bancos de madeira à vista do interessado comprador.</span></p>
<p><span>Aos sábados e domingos frequentavam-se os parques de diversões com seus famosos serviços de alto-falantes, onde se ofereciam músicas para as pretensas namoradas e transmitiam-se notícias da comunidade, tais como: chegada e saída de ônibus trazendo e levando parentes para as diversas partes do país. Este era um programa infalível e imperdível nos finais de semana oferecido à população, predominantemente masculina, constituída de candangos. A atividade circense era rara na cidade em construção. </span></p>
<p><span>Com relação às atividades escolares, para contextualizar o fato, quero ressaltar que naquela época, no início de Brasília praticamente não existiam escolas estruturadas para receber a clientela estudantil. As aulas eram ministradas em igrejas, alojamentos, centros ou salões paroquiais e casas particulares. O governo construía escolas em ritmo alucinante, embora o crescimento da demanda de alunos que precisavam estudar fosse bem maior que a capacidade de recebê-los, em situações adequadas nas salas de aula. Portanto, eram poucas as escolas em funcionamento, embora os professores fossem competentes e com disponibilidade para ensinar. </span></p>
<p><span>Quanto aos meios de comunicação reinantes naquele tempo, foi instalado num bonito e luxuoso prédio de madeira situado na quadra 09, comércio local onde funcionava o </span>Bar, Sorveteria e Restaurante Vera Cruz <span>uma espécie de rádio comunitária. Suas comunicações tinham uma importância muito grande para a população local. Ali foi, por muito tempo, o <em>point </em>da população sobradinhense. Saída e chegada de ônibus, encontro de conterrâneos, achados e perdidos, enfim, aquele estabelecimento prestava o mais funcional e rápido serviço de utilidade e comunicação públicas. A programação musical deste serviço de alto-falante tinha início e final com a execução da belíssima “Aquarela do Brasil”, do grande compositor Ari Barroso, gravada pela famosa orquestra de Ray Conniff. É bom lembrar que naquele estúdio, composto de vasta discografia de cantores e compositores brasileiros, muita gente aprimorou e tomou gosto pela música popular brasileira. </span></p>
<p><span>Fato marcante e inesquecível para muitos foi uma tragédia acontecida na noite do dia 31 de março de 1967, quando o governo militar comemorava os três anos da Revolução de 31 de Março. Realizava-se na quadra 08 de Sobradinho, a apresentação de uma banda militar para celebrar a data. Naquela noite fiquei assistindo a esta solenidade, resolvendo faltar à aula de judô no Colégio de Sobradinho, onde os meus colegas Luís Márcio Ribeiro, José Ramiro e José de Arimatéia Leal, além de outro conhecido chamado José Amauri da Silva, todos adolescentes se dirigiram ao educandário para praticarem aquela modalidade esportiva. O destino quis que eles fossem atropelados em frente a rodoviária por um grupo de irresponsáveis pertencente à antiga prefeitura do Distrito Federal, que causaram um trágico acidente, dirigindo um jipe do órgão público, sob responsabilidade de um servidor acompanhado por alguns colegas de trabalho e de farra, em estado de total embriaguez. Essa tragédia, acontecimento lembrado pela população mais antiga, trouxe uma comoção geral, atingindo principalmente os familiares e amigos dos estudantes falecidos.</span></p>
<p><span>Sobradinho cresceu muito, hoje sua população é superior a 130 mil habitantes, sem computar os moradores de mais de 100 condomínios horizontais existentes na sua jurisdição. Apesar desse crescimento populacional a cidade continua pacata, ordeira e com um aspecto interiorano, onde as pessoas mais antigas se conhecem, se encontram e colocam suas conversas em dia. A cidade continua oferecendo um clima ameno e muito agradável, com diversidades paisagistas, compostas por grandes áreas de chácaras, fazendas, haras e restaurantes naturais.</span></p>
<p><span>No início de 1975 foi criado o Sobradinho Esporte Clube, bicampeão de futebol do Distrito Federal, nos anos de 1985/86, orgulho dos seus moradores, que mandava os seus jogos no estádio Augustinho Lima. O esporte sempre foi destaque nesta cidade. Lá nasceu a nossa maratonista, campeã mundial Carmem de Oliveira e também começou a jogar futebol o tetra campeão Lúcio e outros craques de nível nacional. O esporte amador é respeitado em todas as competições.</span></p>
<p><span>A cidade nasceu com vocação natural para desenvolver aspectos culturais. A pintura, a escultura, o cinema, o jornalismo e as artes plásticas são desempenhados por dezenas de artistas reconhecidos em todo o país. Lá existem a Galeria de Arte Van Gogh, o Teatro de Sobradinho e o Pólo de Cinema e Vídeo. Existem alguns clubes de lazer e divertimento e o Centro de Tradições Populares de Sobradinho, onde há mais de quarenta e seis anos é realizada a apresentação do famoso Bumba-meu-boi do Teodoro. </span></p>
<p><span>Atualmente o comércio cresceu muito, basicamente um grande números de lojas comerciais, agências de automóveis, escritórios de advocacia e contabilidade, clínicas e consultórios médicos e odontológicos, imobiliárias, oficinas e pequenas indústrias. Existem dezenas de igrejas, templos e centros de práticas de atividades religiosas. Os órgãos públicos, em grande número, como um hospital de porte médio e alguns postos de saúde, bem como faculdades, colégios públicos e particulares atendem, satisfatoriamente, à comunidade local. </span></p>
<p><span>Com este trabalho quero manifestar meu amor e admiração por esta cidade que vi nascer, crescer e que me acolheu de braços abertos, dando-me condições para a realização da minha formação intelectual e profissional, assim como adquirir os principais valores necessários a um homem e cidadão. </span></p>
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<p>*João Erismá de Moura é Auditor Federal do TCU, Advogado, Pedagogo, Acadêmico e Escritor, pioneiro residindo em Brasília desde 13.07.1962.</p>
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