Deusdete por Cleânia

Deusdete por Cleânia

Comerciante Deusdédite Sales / arquivo

<div> <p><strong>Deusd&eacute;dite de Sales Rocha, </strong>filho de Francisco Rodrigues de Sales (Chod&oacute;) e Izaura da Rocha Sales, nasceu em Francisco Santos &ndash; Pi no dia 19 de agosto de 1931. Tendo pai agricultor e comerciante e vivendo boa parte da sua vida juvenil nas fazendas do seu pai em Santo Ant&ocirc;nio de Lisboa e em Francisco Santo, desenvolveu, de imediato, um grande amor pelo campo, se destacando, na juventude, como grande vaqueiro da regi&atilde;o. O interesse pelo com&eacute;rcio, atividade pela qual ficou conhecido profissionalmente, s&oacute; veio aparecer posteriormente, ap&oacute;s o seu casamento.</p> <p>Sendo o &uacute;nico filho homem do casal, entre seis filhas, e possuidor de muita sabedoria, capacidade de lideran&ccedil;a e de um esp&iacute;rito protetor tornou-se o chefe da fam&iacute;lia, cuidando e protegendo seus pais e suas irm&atilde;s: Rosa, Terezinha (Tet&ecirc;), Leopoldina (Le&oacute;), Alzira, Maria Eremita (Bibi) e Lenite (Lela). Estas sempre o tiveram como pai, buscando nele os conselhos que necessitavam e acatando suas opini&otilde;es sobre as coisas da vida. Aos poucos, a fun&ccedil;&atilde;o de chefe de fam&iacute;lia foi-se estendendo tamb&eacute;m em rela&ccedil;&atilde;o aos seus sobrinhos, pois estes eram, tamb&eacute;m, por ele zelados protegidos e seguidores de suas li&ccedil;&otilde;es de vida.&nbsp;Contudo, esta fun&ccedil;&atilde;o se consolidou mais firmemente com a forma&ccedil;&atilde;o da sua pr&oacute;pria fam&iacute;lia, atrav&eacute;s do seu casamento com Nem&eacute;sia Cipriano da Rocha, com quem teve filhos, netos, bisnetos, sogros, genro e noras e para quem foi o l&iacute;der maior. Qualquer decis&atilde;o tomada por algum membro da fam&iacute;lia era primeiramente comunicada e apreciada por ele. Qualquer problema surgido era por ele resolvido.</p> </div> <div> <p>Deusd&eacute;dite casou-se com Nem&eacute;sia no dia 14 de dezembro de 1950, vivendo com ela at&eacute; o dia do seu falecimento. Nos cinco primeiros anos de casado Deusd&eacute;dite residiu em Santo Ant&ocirc;nio de Lisboa, trabalhando no campo. No ano de 1956 foi para Francisco Santos, exercendo a fun&ccedil;&atilde;o de comerciante. Em 1968 mudou-se definitivamente para Picos, estabelecendo-se nesta cidade como comerciante de produtos aliment&iacute;cios e utens&iacute;lios dom&eacute;sticos.</p> <p>Apesar de ter-se firmado profissionalmente como comerciante, sempre foi um homem de muita sabedoria, amante da cultura e grande incentivador dos estudos na fam&iacute;lia, n&atilde;o apenas com palavras e orienta&ccedil;&otilde;es, mas sobretudo com gestos de apoio, dando estudos a todos os seus filhos, ajudando na educa&ccedil;&atilde;o de seus netos e abrigando em sua resid&ecirc;ncia muitos parentes que moravam distantes e que precisavam estudar em Picos. Os estudos para ele tinham um valor inexor&aacute;vel. Lembro-me bem das cobran&ccedil;as que fazia aos seus filhos para estudarem e do orgulho com que falava daqueles que tinham se formado ou passado em algum concurso p&uacute;blico.</p> </div> <div> <p>Foi tamb&eacute;m um grande admirador da poesia e da literatura de cordel, tendo o seu pai Chod&oacute; como principal &iacute;dolo, n&atilde;o apenas da poesia como tamb&eacute;m da vida. Apreciador da boa m&uacute;sica, ouvia can&ccedil;&otilde;es de Nelson Gon&ccedil;alves, Orlando Silva, Orlando Dias, Vicente Celestino, &Acirc;ngela Maria, N&uacute;bia Lafaiete, Clara Nunes, entre outros, al&eacute;m de ter sido um ass&iacute;duo ouvinte da R&aacute;dio Globo, mantendo-se informado sobre as quest&otilde;es econ&ocirc;micas, pol&iacute;ticas e sociais da realidade.</p> <p>Do seu matrim&ocirc;nio com Nem&eacute;sia, teve 8 filhos: Leticia, Alaide, Vilson, Arlindo, Ivan, Gilvan (In Memoriam), Edvan e Erivan, a quem dedicou a sua vida, educou de forma r&iacute;gida e ensinou princ&iacute;pios &eacute;ticos como respeito, amor, honestidade responsabilidade e senso de justi&ccedil;a. Do casamento de seus filhos, teve 8 netos: Cle&acirc;nia, Clev&acirc;nia, Deusd&eacute;dite Jorge, Ronney, Ricardo, Lucas, Luana e Luanda, que criou como filhos seus, estando sempre presente em suas vidas, principalmente nas horas mais dif&iacute;ceis e necessitadas e participando da sua educa&ccedil;&atilde;o. Teve, ainda, tr&ecirc;s bisnetos: Giovana Leticia, Maria Lu&iacute;sa e Leno Samuel, com quem brincou apaixonadamente e a quem deu bastante carinho durante o conv&iacute;vio. Seus bisnetos constitu&iacute;ram a raz&atilde;o maior da sua vida nos &uacute;ltimos anos e foram o tema central das suas conversas cotidianas e preocupa&ccedil;&otilde;es.</p> </div> <div>Deusd&eacute;dite se destacou como homem forte, honesto, de princ&iacute;pios, que dedicou sua vida &agrave; fam&iacute;lia (n&atilde;o se restringindo a esposa e filhos, mas abarcando todos os parentes), ao trabalho (exercendo a fun&ccedil;&atilde;o de comerciante com muita honestidade e &eacute;tica) e a ajudar ao pr&oacute;ximo.</div> <div> <p>Amigo, sempre pronto a auxiliar n&atilde;o apenas seus familiares, mas todos aqueles que o procuravam, exerceu, como o seu pai Chod&oacute;, a fun&ccedil;&atilde;o de conciliador. Com muita sabedoria ajudava as pessoas na resolu&ccedil;&atilde;o de quest&otilde;es de natureza diversa, dando conselhos sensatos, colaborando financeiramente, dando apoio moral e tudo mais que se fizesse necess&aacute;rio.</p> <p>Foi um homem sem v&iacute;cios e lux&uacute;ria. Seus passeios se resumiam ao trajeto de bicicleta casa-com&eacute;rcio-casa, &agrave;s visitas aos seus pais nos domingos em Francisco Santos ou a algum parente e amigo quando estava doente ou necessitado.</p> </div> <div> <p>Viveu com simplicidade e sem luxo, mas n&atilde;o deixou nada faltar aos seus familiares, amigos e conhecidos. Era desprendido dos bens materiais, valorizava a amizade, o respeito e a honestidade. Durante toda a sua vida nunca comprou nada financiado, nunca contraiu uma d&iacute;vida nem deixou de vender algo a algu&eacute;m que necessitava e n&atilde;o pudesse pagar.</p> <p>Foi um homem r&iacute;gido, de cara dura, fechada, mas de cora&ccedil;&atilde;o mole... um homem s&eacute;rio, que n&atilde;o gostava muito de brincadeiras, mas amoroso e de uma conversa agrad&aacute;vel. N&atilde;o era um homem de palavras doces, mas de a&ccedil;&otilde;es doces, firmes e dignas. Raz&otilde;es que o tornaram temido algumas vezes, mal compreendido outras, mas muito admirado e respeitado por todas as pessoas que o conheceram e amado por todos aqueles com quem conviveu.</p> </div> <div> <p>Faleceu aos setenta e oito anos, no dia 29 de junho de 2010, na sua resid&ecirc;ncia em Picos-Pi. Doente h&aacute; algum tempo e consciente de que a sua partida para a outra vida estava se aproximando, preparou-a, n&atilde;o deixando nenhuma pend&ecirc;ncia, nenhuma situa&ccedil;&atilde;o a resolver, para &ldquo;n&atilde;o dar trabalho&rdquo;, como ele mesmo dizia, planejando e definindo inclusive a respeito de seu futuro funeral e sepultamento.</p> <p>Foi, sem d&uacute;vida, um homem de uma fortaleza admir&aacute;vel. Fez-se forte na vida e na morte. Um homem s&aacute;bio, digno, que cumpria a palavra dada, que cuidou da sua fam&iacute;lia e foi firme at&eacute; seus &uacute;ltimos dias de vida. Um homem que pelos conselhos, zelo e prote&ccedil;&atilde;o dados e pela preocupa&ccedil;&atilde;o com o bem estar da sua fam&iacute;lia e dos seus amigos se tornou um filho-pai, um irm&atilde;o-pai; um esposo-pai, um pai de todas as horas para seus filhos; um av&ocirc;-pai, um bisav&ocirc;-pai, um sogro-pai, um cunhado-pai, um tio- pai, um amigo-pai...</p> </div> <div> <p>O pai de todos e um doutor da vida!</p> <p>Esse homem &eacute; o meu &ldquo;<strong><span>papaidete</span></strong>&rdquo;, a quem devo muito do que sou, a quem admiro e amo tanto e a quem vou ser eternamente grata.</p> </div> <div><em>(Biografia escrita pela sua neta Cle&acirc;nia Sales)</em></div>
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