O descobridor de heróis no anonimato
/
<div align="left">
<p>Dizem que pelos textos se conhece o autor. Nas obras do escritor João Erismá de Moura, servidor aposentado do TCU, o carro chefe são os homens e o cotidiano. O tom humanitário de suas obras deve-se à observação do mundo. O autor coloca as pessoas como primordiais, como o centro de todas as coisas existentes no universo. Transforma gente comum em herói. João Erismá é um contador de histórias. Talvez, mais que isso, um descobridor de heróis que vivem ou viveram no anonimato.</p>
<p>Ao ler trechos de suas obras, percebe-se que há uma aproximação dele com os próprios personagens. A dedicação é diária, com muita leitura, pesquisa e dedicação. Prefere biografias e histórias da humanidade. Apesar da paixão pelo futebol, escrever a respeito não o atrai tanto assim. Segundo ele, qualquer um pode se tornar um escritor, basta se dedicar muito. "Quem quer escrever tem que ler muito, conhecer a língua portuguesa e a literatura mundial. Um povo sem cultura é um atraso para toda a nação", completa.</p>
</div>
<div align="left">
<p>Veio de família humilde e não tinha condições para estudar, mas isso não o impediu de nada. Nasceu em Picos, interior do Piauí, onde viveu 12 anos. Depois, veio com os pais para Brasília logo no início da criação da capital da esperança, em 1962. Naquela época tudo era oportunidade de trabalho e o escritor soube aproveitar o mercado. Talvez seja por isso, que o humanismo é claro em suas obras. Ele tem conhecimento das dificuldades diárias, mas sabe reconhecer a nobreza das pessoas. "Desde criança sempre trabalhei, exercendo as mais diversas atividades, tais como: lavrador, engraxate, padeiro, vendedor de jornais, empregado em bar, restaurante e frutaria", diz.</p>
<p>Na crônica <em>As dificuldades de um brasiliense</em>, o autor relata o sonho de um candango em se mudar da periferia para o Plano Piloto, local que ajudou a construir. O cenário escolhido do texto é o interior de um ônibus. Na viagem diária, o pioneiro relembra a história da construção de Brasília e as dificuldades enfrentadas pelas pessoas que deixaram suas famílias em diversas partes do Brasil. João Erismá de alguma forma se redime com os "heróis anônimos" que, algumas vezes, são esquecidos pelos brasilienses. Não só isso, ele consegue homenagear qualquer pessoa, de uma forma simples e nobre.</p>
</div>
<div align="left">
<p>Em outro texto, destaca a paixão de um homem com pouco mais de 40 anos pela música popular brasileira (MPB). O personagem homenageou seus cincos filhos com nome de compositores e músicos ilustres da música nacional. Aqui, mais uma vez pode-se enxergar a semelhança entre autor e personagem. Erismá também é um amante da MPB. "Gosto muito de música. Sou um estudioso da música popular e clássica". Na crônica <em>Domingo à tarde</em>, o autor conta a história de uma mulher que perdeu o noivo em um desastre de avião. O título se justifica porque foi num domingo à tarde que o casal apaixonado se despediu. As tardes de domingos ficaram marcadas na vida da personagem.</p>
<p>Erismá de Moura é assim, com ideias brilhantes que surgem a qualquer momento, de qualquer lugar e de qualquer pessoa. Suas histórias nascem por causa de gente comum que ama, que sofre, que se reinventa a cada dia. São as pessoas que o inspiram. Pode-se dizer que, segundo o autor, "somos poetas, compositores, escritores e detentores de uma inteligência incomum" e um dia todo mundo, independente de qualquer circunstância, será agraciado com</p>
</div>