Por uma nova utopia
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<div>Passado o processo eleitoral 2010, estamos vivendo a ressaca do pleito que elegeu senadores, deputados estaduais, federais e a maioria dos governadores - em alguns estados a decisão ficou para o segundo turno, como também para presidente da República – ficamos a perguntar: o que ficou desta campanha? O que muda na vida do cidadão e da cidadã que levanta cedo e põe a mão na massa para, no final do mês, honrar com os seus compromissos - pagar as contas no supermercado, na farmácia - e cuidar do bem estar social de sua família?</div>
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<div>O período da propaganda eleitoral gratuita, para o bom entendedor, apontou nitidamente o que desembocaria nas urnas em 03 de outubro. Todos vieram a público apontar que lutariam por melhorias na saúde pública, na segurança, na educação e que honrariam o voto creditado aos mesmos com competência e honestidade. Quem de nós nunca ouviu isso em campanhas passadas?! Olha só: competência e honestidade. Ser competente e honesto é um dever de todos em tudo aquilo em que se propõe a fazer. Se o Brasil é uma república representativa, tem gente que não tem a capacidade de representar nem sequer a si próprio, imagine a uma parcela da sociedade, e surgem na televisão prometendo competência e honestidade.</div>
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<div>Pois bem! Esta foi à campanha de candidatos velhos prometendo o novo; foi à campanha de ‘garupas’ prometendo a continuidade de um trabalho que nunca existiu. Historicamente falando, foi a campanha mais pobre em propostas dos últimos tempos. E as pessoas, desnorteadas, não sabiam ou não souberam o que fazer. Afinal, que significado tem, hoje, o PT? O PSDB? E o PSB? Imagine o PMDB, que nunca largou o ‘osso’? Não adianta o candidato está filiado ao PT, PSB, PSDB com a cabeça no DEM, ou no PP, ou no próprio PMDB. O que precisa mudar é o pensamento e não tão somente as pessoas. O que precisa mudar é a forma de tratar o povo e a coisa pública. O que é preciso é tirar a mão do ‘bolso’ do povo e realizar para o povo e não para si próprio. Se o pensamento não muda, nada adianta.</div>
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<div>O que será de nós com eleitos como o deputado federal, Ciro Nogueira, para o senado; Hugo Napoleão, Júlio César, Paes Landim, Átila Lira, Iracema Portela – esposa de Ciro, filha de Lucídio Portela - só para citar os mais tradicionais que irão nos representar na Câmara Federal? O que tem de novo nisso, gente? Ainda existem os eternos deputados estaduais, alguns já têm a Assembléia Legislativa como residência oficial, como Warton Santos, Kleber Eulálio, Fernando Monteiro, João Mádison, Juraci Leite, Ismar Marques, Temístocles Filho e outros Coelhos, Nogueiras, Moraes Sousas e demais sobrenomes que dominam, há séculos, a política piauiense.</div>
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<div>Para uma sociedade evoluir é necessário muito mais do que comida. Enquanto estivermos preocupados somente em sobreviver, não construiremos nada. Alguém poderia me dizer, quais foram às propostas sólidas para o desenvolvimento da educação, da arte e da cultura apresentadas pelos candidatos que disputaram estas eleições? Os 1. 353.820 votos creditados ao palhaço, Tiririca, no estado mais rico da federação, talvez faça você pensar numa resposta. Precisamos urgentemente de uma nova utopia, senão estaremos condenados a sermos eternamente palhaços, no ilusório circo da política brasileira.</div>
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<div><strong><em>*Francisco de Assis Sousa é professor de língua portuguesa e literatura brasileira no ensino fundamental em Vila Nova do Piauí e no ensino médio em São Julião-PI. Email: frassis88@hotmail.com.</em></strong></div>
João Erismá de Moura
Portado em 08/10/2010 às 11:31:10
Belo trabalho, escrito com consciência e discernimento. Parabéns ao seu autor. Esta é a realidade do País, principalmente o seu interior. A oligarquia piauiense permanece há mais de um século e o atraso do estado também. Depois não venham reclamar da situação que os eleitores criaram, pautada nas esmolas das cestas, no paternalismo e na total dependência econõmica. Erismá de Moura - Brasília-DF.