Tudo passa...
A posse do novo presidente do Tribunal de Contas do Estado, conselheiro Keneddy Barros / Diario do Povo
<div align="justify">Em seu discurso de posse, ontem, na presidência do Tribunal de Contas do Estado, o conselheiro Kennedy Barros deteve-se num tema que deveria ser ponto de parada de todo indivíduo, mais especialmente dos que se dedicam à vida pública e assumem, no poder, a missão de decidir os destinos de muitos.<br />
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Invocando Ovídio, o novo presidente do TCE disse que em sua monumental obra Metamorfoses o poeta romano exprime "os sentimentos que experimentamos diante da mudança, da renovação, da repetição, do nascimento e da morte das coisas e dos seres humanos". Ele destacou a parte final de sua obra:<br />
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"Não há coisa alguma que persista em todo o Universo. Tudo flui, e tudo só apresenta uma imagem passageira. O próprio tempo passa com um movimento contínuo, como um rio... Vês a noite, próxima do fim, caminhar para o dia, e à claridade do dia suceder a escuridão da noite... Não vês as estações do ano se sucederem, imitando as idades de nossa vida!... Nada morre no vasto mundo, mas tudo assume aspectos novos e variados... todos os seres têm sua origem noutros seres.<br />
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Existe uma ave a que os fenícios dão o nome de fênix. Não se alimenta de grãos ou ervas, mas das lágrimas do incenso e do suco da amônia. Quando completa séculos de vida, constrói um ninho no alto de uma grande palmeira, feito de folhas de canela, do aromático nardo e da mirra avermelhada. Ali se acomoda e termina a vida entre perfumes. De suas cinzas, renasce uma pequena fênix, que viverá outros cinco séculos... Assim também é a natureza e tudo o que nela existe e persiste".<br />
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Ao refletir sobre esta passagem, o conselheiro afirmou a sua convicção de que "tudo flui, tudo se transforma e se renova, tudo é passageiro". Ele disse que assume a presidência do TCE consciente desse processo inexorável, sabendo que amanhã já não estará mais lá. "Subo ao cume de minha carreira profissional, mas sabedor de que amanhã voltarei à planície". E concluiu:<br />
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- Esta certeza me ajuda a afugentar a vaidade e o orgulho, serpentes obscuras e traiçoeiras, sempre prestes a tomar de assalto o homem invigilante.<br />
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Eis um bom tema, insisto, para a reflexão de todos os que acabam de assumir o poder.</div>