A novela da UESPI em Picos

A novela da UESPI em Picos

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<!--[if gte mso 9]><xml> Normal 0 21 false false false PT-BR X-NONE X-NONE </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><![endif]--><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Tabela normal"; mso-style-parent:""; line-height:150%; font-size:11.0pt;"Calibri","sans-serif"; mso-fareast-"Times New Roman"; mso-bidi-"Times New Roman";} </style> <![endif]--> <p style="text-align: justify; line-height: normal;"><span style="">A situa&ccedil;&atilde;o do campus da UESPI de Picos &eacute; realmente estarrecedora e parece ter ra&iacute;zes hist&oacute;ricas, a come&ccedil;ar pelo local de instala&ccedil;&atilde;o do mesmo na d&eacute;cada de 1990 em espa&ccedil;o onde funcionava o antigo Campus Avan&ccedil;ado da Universidade Federal de Goi&aacute;s cuja principal atividade era o Projeto Rondon. Tratava-se de um terreno de, aproximadamente, vinte mil metros quadrados localizado no bairro Junco, onde havia uma sede administrativa, quadras de esporte, laborat&oacute;rios e uma imensa &aacute;rea verde com &aacute;rvores frondosas.</span></p> <p style="text-align: justify; line-height: normal;"><span style="">Quando da minha gest&atilde;o na presid&ecirc;ncia da Associa&ccedil;&atilde;o de Moradores do Bairro Junco, no per&iacute;odo de 1991 a 1993, apresentei v&aacute;rios projetos &agrave; Prefeitura de Picos e ao governo do estado, no sentido de transformar aquela &aacute;rea num Parque Municipal com trilhas, pra&ccedil;as, lagos, espa&ccedil;os para pr&aacute;ticas de esporte etc. Seria um investimento pequeno tendo em vista que grande parte da infra-estrutura j&aacute; estava pronta e a &aacute;rea verde j&aacute; existia. Picos passaria a ter, assim, um espa&ccedil;o ecol&oacute;gico para descanso e lazer, destoando um pouco da lama e da poeira t&atilde;o caracter&iacute;sticas, infelizmente, da nossa cidade.</span></p> <p style="text-align: justify; line-height: normal;"><span style="">Inesperadamente e de forma irracional, esse espa&ccedil;o passou a ser &ldquo;loteado&rdquo; a partir de 1993 para abrigar algumas obras e servi&ccedil;os do estado. Centenas de &aacute;rvores&nbsp;robustas foram derrubadas para dar lugar a pr&eacute;dios p&uacute;blicos que poderiam ser constru&iacute;dos em diversos outros locais. Primeiro, a constru&ccedil;&atilde;o da CEASA. Depois, a constru&ccedil;&atilde;o de um posto do DETRAN. Em seguida, um gin&aacute;sio poliesportivo cuja obra foi superfaturada e embargada logo depois e, por &uacute;ltimo, um campus da UESPI com seis cursos e seis salas de aula, uma verdadeira aberra&ccedil;&atilde;o seja do ponto de vista administrativo ou pedag&oacute;gico.</span></p> <p style="text-align: justify; line-height: normal;"><span style="">Quase&nbsp;o mesmo destino&nbsp;teve o Campus da UFPI. Constru&iacute;do no in&iacute;cio da d&eacute;cada de 1990 dentro de um riacho, num terreno pantanoso, bem pr&oacute;ximo de onde, mais tarde, seria edificado o campus da UESPI. Quando comecei a fazer faculdade, em 1993, precis&aacute;vamos tirar o t&ecirc;nis e arrega&ccedil;ar as cal&ccedil;as para transpor uns quinhentos metros de pura lama. Ainda tenho fotos e v&iacute;deos dessa aventura (para n&atilde;o chamar de descaso). A sorte do campus da Federal &eacute; que, nos &uacute;ltimos 8 anos, o governo Lula derramou dinheiro a balde para expans&atilde;o das Institui&ccedil;&otilde;es Federais de Ensino Superior. Tanto para o aumento da quantidade de cursos, quanto para amplia&ccedil;&atilde;o das instala&ccedil;&otilde;es. Milh&otilde;es de reais, portanto, j&aacute; foram enterrados dentro da lagoa da UFPI para aterro, drenagem e desvio do curso das &aacute;guas. Daria para construir um pr&eacute;dio de 10 andares em outro local. Em Teresina, o reitor da UFPI construiu dezenas de quebra-molas e um portal na entrada do campus para conseguir gastar o dinheiro todo.</span></p> <p style="text-align: justify; line-height: normal;"><span style="">O poder p&uacute;blico alega a aus&ecirc;ncia de espa&ccedil;o urbano para sediar os pr&eacute;dios p&uacute;blicos. O IFET foi parar no Pantanal. O incr&iacute;vel &eacute; que a Igreja Universal instalou-se facilmente em plena Pra&ccedil;a F&eacute;lix Pach&ecirc;co, ocupando um espa&ccedil;o onde outrora funcionava o cinema da cidade. O grupo Carvalho parece n&atilde;o ter tido tanta dificuldade para construir seu supermercado em frente &agrave; rodovi&aacute;ria. Pascoal Silva n&atilde;o demorou a encontrar espa&ccedil;o para construir um posto de gasolina, hotel e ampla &aacute;rea de estacionamento em frente ao DNIT. &Eacute; bem verdade que os terrenos mais pr&oacute;ximos do centro custam bem mais caro. Mas ser&aacute; que o nosso povo n&atilde;o merece servi&ccedil;os p&uacute;blicos eficientes e mais pr&oacute;ximos de onde moram? E quem disse que os terrenos doados ou adquiridos em locais inadequados representam economia para os cofres p&uacute;blicos. O campus da UFPI que o diga.</span></p> <p style="text-align: justify; line-height: normal;"><span style="">Voltando &agrave; UESPI,&nbsp;o pr&eacute;dio inicial n&atilde;o possu&iacute;a estrutura para abrigar sequer uma creche, mas nele foi instalado, com pomposa festa, um campus universit&aacute;rio. E a cada vinda de M&atilde;o Santa a Picos era assinada uma autoriza&ccedil;&atilde;o para cria&ccedil;&atilde;o de um novo curso. N&atilde;o demorou muito para todos perceberem o &oacute;bvio: o espa&ccedil;o era insuficiente para acomodar a quantidade de alunos. Eis que a s&aacute;bia equipe do governo do Piau&iacute; resolveu reformar um pr&eacute;dio abandonado no cafund&oacute; do Judas onde antes funcionava o SESI para servir de novo campus da UESPI. Regi&atilde;o desabitada, fora da zona urbana da cidade em meio ao escuro e ao desolamento. De animador mesmo, s&oacute; havia um motel em frente. Para l&aacute; foram&nbsp;&quot;banidos&quot; os cursos tidos pelo governo como de &ldquo;terceira categoria&rdquo;, ficando os cursos da elite, obviamente, mais pr&oacute;ximos da civiliza&ccedil;&atilde;o.</span></p> <p style="text-align: justify; line-height: normal;"><span style="">A UESPI era, no governo de M&atilde;o Santa, uma f&aacute;brica de fazer voto. Com mais de dois mil professores, apenas 100 eram efetivos, os outros eram &ldquo;tempor&aacute;rios&rdquo;. Um verdadeiro cabide de emprego. E quem n&atilde;o lembra dos esc&acirc;ndalos do curso de medicina. Os filhos da elite faziam vestibulares em universidades privadas pelo Brasil afora e logo em seguida &ldquo;ganhavam&rdquo; a transfer&ecirc;ncia para a UESPI. Entravam 40 alunos para o Curso de Direito pelo Vestibular e na formatura havia 120 concludentes. Era o milagre da multiplica&ccedil;&atilde;o, em todos os sentidos! N&atilde;o havia dota&ccedil;&atilde;o or&ccedil;ament&aacute;ria para dar suporte &agrave; UESPI e os alunos pagavam taxas e mensalidades exorbitantes.</span></p> <p style="text-align: justify; line-height: normal;"><span style="">Entra o governo do PT em 2003. A turma de dinossauros come&ccedil;a a se aproximar de Wellington. Era a velha estrat&eacute;gia: &ldquo;Quando n&atilde;o se consegue vencer o inimigo, junte-se a ele&rdquo;. J&ocirc;nathas recebe de presente a Superintend&ecirc;ncia de Ci&ecirc;ncia e Tecnologia. Fernando Monteiro, a Secretaria de Defesa Civil. Warton, o eterno suporte de Z&eacute; N&eacute;ri, vira l&iacute;der do governo (quem diria!!!) e Kleber, que entrou na Assembleia junto com a Proclama&ccedil;&atilde;o da Rep&uacute;blica,&nbsp;passa a ser o Conselheiro-mor do governador. Ali&aacute;s, um grande amigo me fez outro dia uma afirma&ccedil;&atilde;o pitoresca: &ldquo;Wellington Dias realizou a incr&iacute;vel fa&ccedil;anha de destruir e ressuscitar as oligarquias do Piau&iacute;&rdquo;. Pois bem, sabendo da bomba rel&oacute;gio que era a UESPI,&nbsp;Kleber&nbsp;convence Wellington a &ldquo;prestigiar&rdquo; algu&eacute;m do PT com a dire&ccedil;&atilde;o da mesma e, sorrateiramente, sugere entregar o presente de grego &agrave; Oneide Rocha. Era um plano muito bem bolado para aniquilar o PT de Picos e abrir espa&ccedil;o para o PMDB na cidade. O PT engoliu a isca direitinho.</span></p> <p style="text-align: justify; line-height: normal;"><span style="">Sem dota&ccedil;&atilde;o or&ccedil;ament&aacute;ria suficiente para gerir a Institui&ccedil;&atilde;o, Oneide passa a assumir aquele que seria o mais contradit&oacute;rio discurso de toda a sua vida pol&iacute;tica: a manuten&ccedil;&atilde;o da cobran&ccedil;a de taxas numa universidade p&uacute;blica. Como n&atilde;o pertencia ao corpo docente da institui&ccedil;&atilde;o, enfrentou toda sorte de hostilidades at&eacute;, finalmente, desgastada, entregar o cargo. Havia se consolidado, no entanto, a elei&ccedil;&atilde;o direta para reitor, um marco hist&oacute;rico na trajet&oacute;ria da UESPI. Somente nos anos de 2003 e 2004 foram contratados, atrav&eacute;s de concurso p&uacute;blico, 284 novos professores efetivos para a universidade, al&eacute;m de imenso investimento na qualifica&ccedil;&atilde;o dos mesmos e institui&ccedil;&atilde;o de um plano de carreira, cujos sal&aacute;rios, em alguns casos, chegam a ser superiores ao dos professores da UFPI. A &aacute;rea dos recursos humanos estava consolidada.</span></p> <p style="text-align: justify; line-height: normal;"><span style="">Diversos cursos com pouca procura foram cancelados, possibilitando um investimento maior em outros setores. A UESPI parecia estar fazendo sua li&ccedil;&atilde;o de casa. O problema do campus de Picos, no entanto, aparece como o mais gritante erro da gest&atilde;o da UESPI nos &uacute;ltimos 20 anos. &Eacute; inaceit&aacute;vel que uma cidade do porte da nossa, com a segunda maior arrecada&ccedil;&atilde;o de impostos do estado, com o maior entroncamento rodovi&aacute;rio do Nordeste, polo de uma microrregi&atilde;o com uma popula&ccedil;&atilde;o de 500 mil habitantes, n&atilde;o tenha um pr&eacute;dio digno onde possa funcionar a Universidade Estadual. Tal fato revela a in&eacute;rcia de nossos representantes pol&iacute;ticos e a pouca aten&ccedil;&atilde;o dada por sucessivos governos &agrave; nossa querida cidade modelo.</span></p> <p style="text-align: justify; line-height: normal;"><span style="">&Eacute; preciso mobiliza&ccedil;&atilde;o da sociedade picoense, encabe&ccedil;ada, sobretudo, pelos servidores e alunos da UESPI, principais prejudicados com essa situa&ccedil;&atilde;o. Se o povo eg&iacute;pcio conseguiu derrubar uma ditadura sanguin&aacute;ria enraizada h&aacute; 30 anos, certamente haveremos de derrubar a insensatez de um governo que fecha os olhos para a educa&ccedil;&atilde;o de nosso povo.</span></p> <p style="text-align: justify; line-height: normal;"><strong><span style="font-size: 10pt;">* </span></strong><em><strong><span style="font-size: 10pt;">Jo&atilde;o Benvindo de Moura</span></strong></em><em><span style="font-size: 10pt;"> &eacute; professor do Departamento de Letras da UFPI, campus de Teresina, e doutorando em Lingu&iacute;stica pela UFMG. Foi vereador de Picos pelo PT (mandato 2000-2004) e um dos fundadores do Jornal Folha Picoense e da primeira r&aacute;dio comunit&aacute;ria de Picos, a Junco FM. &Eacute; radialista e membro da Uni&atilde;o Picoense de Escritores - UPE. E-mail: </span></em><a href="mailto:jobenvindo@hotmail.com"><em><span style="font-size: 10pt;">jobenvindo@hotmail.com</span></em></a><em><span style="font-size: 10pt;"> &ndash; Blog: </span></em><a href="http://joaobenvindo.blogspot.com/"><em><span style="font-size: 10pt;">http://joaobenvindo.blogspot.com/</span></em></a></p> <p>&nbsp;</p>
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