MPF diz que Lula atuou para interferir no trabalho do Judiciário

MPF diz que Lula atuou para interferir no trabalho do Judiciário

Lula usa todas as artimanhas para tentar se livrar dos problemas na justiça. / Foto: Reprodução

<div align="justify">Em 25 de novembro de 2015, por volta das 6 horas da manh&atilde;, a Pol&iacute;cia Federal chegou ao hotel Royal Tulip, em Bras&iacute;lia, para cumprir uma ordem de pris&atilde;o. Antes que os agentes dissessem qualquer coisa, um dos recepcionistas informou: &quot;O quarto do presidente Lula &eacute; por ali. O alvo, por&eacute;m, era outro. O senador petista Delc&iacute;dio do Amaral ainda dormia quando os policiais anunciaram que ele estava preso por participar de um compl&ocirc; para sabotar a Opera&ccedil;&atilde;o Lava-Jato. O resto da hist&oacute;ria &eacute; conhecido: preso, Delc&iacute;dio fez acordo de dela&ccedil;&atilde;o e contou que, ao oferecer dinheiro para silenciar uma testemunha sobre o papel do PT na corrup&ccedil;&atilde;o da Petrobras, estava a mando do ex-presidente Lula.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">Na semana passada, o Minist&eacute;rio P&uacute;blico Federal refor&ccedil;ou a den&uacute;ncia contra Lula e outras seis pessoas pela tentativa de obstruir a Justi&ccedil;a, crime cuja pena m&aacute;xima chega a oito anos de pris&atilde;o. Apontado como chefe da trama, o ex-&shy;presidente, segundo os investigadores, &quot;impeliu a ado&ccedil;&atilde;o de medidas para a compra do sil&ecirc;ncio de Nestor Cerver&oacute;, ex-diretor da Petrobras envolvido no esc&acirc;ndalo. A inten&ccedil;&atilde;o do grupo, de acordo com a den&uacute;ncia, era ocultar fatos que pudessem comprometer o ex-presidente e um de seus amigos mais pr&oacute;ximos, o pecuarista Jos&eacute; Carlos Bumlai, tamb&eacute;m preso, numa opera&ccedil;&atilde;o fraudulenta que rendeu 12 milh&otilde;es de reais ao PT.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">Para evitar que os detalhes do golpe fossem revelados, o ex-presidente escalou Delc&iacute;dio, ex-l&iacute;der do governo Dilma, para &quot;contornar o problema. O m&eacute;todo para conseguir chegar l&aacute;? O suborno. No documento encaminhado &agrave; Justi&ccedil;a, obtido por VEJA, o MPF anexou extratos banc&aacute;rios com as transfer&ecirc;ncias de dinheiro, mensagens de funcion&aacute;rios do Instituto Lula e bilhetes a&eacute;reos que comprovam as reuni&otilde;es entre o ex-presidente e o senador, cujo mandato foi cassado ap&oacute;s o esc&acirc;ndalo.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">N&atilde;o &eacute; a primeira vez que Lula &eacute; suspeito de tentar atrapalhar a Lava-&shy;Jato. VEJA revelou no in&iacute;cio de julho que o ex-presidente est&aacute; no topo da lista de outra investiga&ccedil;&atilde;o por obstru&ccedil;&atilde;o da Justi&ccedil;a. Fracassada a tentativa de suborno de Nestor Cerver&oacute; e na imin&ecirc;ncia de ter um pedido de pris&atilde;o decretado, Lula foi nomeado ministro-chefe da Casa Civil pela ent&atilde;o presidente Dilma Rousseff. As investiga&ccedil;&otilde;es revelaram que a nomea&ccedil;&atilde;o escondia o ardil de contemplar Lula com o foro privilegiado e assim fa&shy;z&ecirc;-lo escapar das senten&ccedil;as do juiz Sergio Moro, de Curitiba. Ganhara, com a ajuda de Dilma, um salvo-conduto. As conversas telef&ocirc;nicas acerca da nomea&ccedil;&atilde;o estavam sendo monitoradas pela pol&iacute;cia. Mostraram Lula, Dilma e um ministro do governo articulando incurs&otilde;es para tentar impedir as investiga&ccedil;&otilde;es.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">O ex-&shy;presidente chegou a recomendar a seu advogado que &quot;conversasse com o procurador-ge&shy;ral Rodrigo Janot e lembrasse a ele que s&oacute; fora indicado para o cargo com o aval dele, Lula. Sugeria que era uma boa hora para Janot retribuir a gentileza. Os di&aacute;logos, segundo o MPF, apontam que &quot;Lula atuou diretamente com o objetivo de interferir no trabalho do Poder Judici&aacute;rio, do Minist&eacute;rio P&uacute;blico e do Minist&eacute;rio da Justi&ccedil;a, seja no &acirc;mbito da Justi&ccedil;a de S&atilde;o Paulo, seja do Supremo Tribunal Federal ou mesmo da Procuradoria-Geral da Rep&uacute;blica.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">O ex-presidente &eacute; alvo de m&uacute;ltiplas investiga&ccedil;&otilde;es em tr&ecirc;s capitais. Em Curitiba, h&aacute; duas investiga&ccedil;&otilde;es que apuram suspeitas de corrup&ccedil;&atilde;o, oculta&ccedil;&atilde;o de patrim&ocirc;nio e organiza&ccedil;&atilde;o criminosa a respeito da compra de um s&iacute;tio em Atibaia, interior de S&atilde;o Paulo, e de um apartamento tr&iacute;plex no Guaruj&aacute;, litoral paulista. Em S&atilde;o Paulo, o Minist&eacute;rio P&uacute;blico pediu a pris&atilde;o preventiva de Lula sob a acusa&ccedil;&atilde;o de ter praticado os crimes de lavagem de dinheiro e falsidade ideol&oacute;gica. Em Bras&iacute;lia, o terceiro polo das investiga&ccedil;&otilde;es, al&eacute;m dos dois casos de obstru&ccedil;&atilde;o da Justi&ccedil;a, Lula &eacute; investigado por suspeita de tr&aacute;fico de influ&ecirc;ncia internacional em favor da Odebrecht em pa&iacute;ses onde a empreiteira desenvolve projetos financiados pelo BNDES.</div> <div align="justify">&nbsp;</div> <div align="justify">A lista de enroscos na Justi&ccedil;a aumenta na mesma propor&ccedil;&atilde;o que encolhe a de aliados e correligion&aacute;rios fi&eacute;is. Lula tem visto seu prest&iacute;gio pol&iacute;tico derreter cada vez que decide p&ocirc;-lo &agrave; prova. Sentiu-se humilhado com a ampla derrota de Dilma na vota&ccedil;&atilde;o do impeachment na C&acirc;mara, que ele se empenhou pessoalmente em evitar. Recentemente, quando tentou reunir apoiadores para reverter o resultado do processo no Senado, n&atilde;o encontrou mais que meia d&uacute;zia de senadores dispostos a dividir com ele a mesa de jantar. Dono de uma fortuna superior a 30 milh&otilde;es de reais, o ex-pre&shy;si&shy;den&shy;te est&aacute; cada vez mais s&oacute; e encrencado. Mas nega todas as acusa&ccedil;&otilde;es ao seu modo peculiar de fazer hip&eacute;rboles: &quot;N&atilde;o existe ningu&eacute;m mais honesto do que eu.</div>
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